sexta-feira, 5 de abril de 2013

Varguismo e peronismo


 

Introdução

Embora não haja um consenso na historiografia em relação aos governos de Getúlio Vargas, no Brasil, e Perón, na Argentina - pois alguns pesquisadores consideram esses governos populistas, enquanto outros negam essa definição -, o estudo desses momentos históricos é fundamental, já que possibilita reflexões valiosas sobre aspectos da contemporaneidade dessas duas realidades históricas.
O denominado "populismo latino-americano" teria emergido na década de 1930 e se estendido até os anos de 1960 e 1970, quando, com o processo de modernização e industrialização, ainda que conservador, as classes populares surgem no cenário político.
Tal afirmativa não significa dizer que a população não desenvolvesse lutas e formas de resistência. O fato é que, em um cenário de reestruturação das economias latino-americanas (depois da crise de 1929), se estabelecem relações mais complexas entre capital e trabalho, cabendo ao Estado o papel de "mediador". Uma mediação que, por diversas vezes, favorecia as lutas do patronato e impedia ou dificultava a obtenção de sucesso pela classe trabalhadora.
Nesse contexto, responde-se aos anseios das classes populares de maneira autoritária e paternalista. As cobranças dos trabalhadores, por exemplo, são respondidas com o desenvolvimento de extensa legislação trabalhista, que não pode ser vista como concessão, mas, sim, como resultado da pressão exercida pelos operários.

Objetivos

1) Reconhecimento do contexto histórico em que se desenvolvem o varguismo e o peronismo.
2) Reflexões sobre o uso da imagem desses governantes como propaganda política.
3) Análise do uso das imagens de Getúlio Vargas nas campanhas políticas contemporâneas.
4) Análise de documentos: propagandas da época, livros didáticos, etc. (O professor pode usar a fonte a que tenha maior acesso, ou buscar outros documentos, de uso mais incomum, ampliando assim o leque de possibilidades documentais para a construção do saber histórico).
5) Reflexões sobre as maneiras usadas pelos trabalhadores para alcançarem seus objetivos.

Estratégias

1) Inicie o trabalho falando da realidade brasileira, mais próxima para os alunos. Em seguida, lance uma questão problematizadora. Pergunte aos alunos: Quais estratégias vocês usariam para conseguir um aumento salarial ou qualquer outro direito, se trabalhassem na mesma fábrica e se sentissem injustiçados?
Registre as idéias dos alunos no quadro e comece a traçar semelhanças e diferenças entre suas respostas e o período do varguismo. Por meio desse trabalho, os alunos conhecerão as ações dos sujeitos históricos envolvidos.
2) Demonstre com estatísticas ou com exemplos de movimentos grevistas como os trabalhadores desenvolviam seus embates e formas de resistência.
3) Faça uma exposição sobre o processo de "concessão" dos direitos trabalhistas e de toda a construção da imagem de Getúlio Vargas como "Pai dos Pobres". Trabalhe com as propagandas veiculadas sobre a imagem desse governante e problematize com a turma se alguns políticos usam métodos parecidos na atualidade, usando inclusive o nome de Getúlio como referência.
4) Demonstre aos alunos como o governo agia para controlar o sindicalismo ou qualquer luta política e apresente as maneiras usadas pelo operariado para conquistar seus objetivos.

Atividades

1) Depois de trabalhar com o varguismo em sala de aula, peça que os alunos tragam pesquisas sobre Perón. Oriente para que a leitura se realize em sala de aula e peça que montem, em grupos, um quadro comparativo com o varguismo, buscando aproximações e diferenças.
2) Depois que os alunos desenvolvam os quadros comparativos, peça que apresentem para o restante da sala. Não deixe de fazer as intervenções necessárias e "amarre" as apresentações com os estudos já desenvolvidos.
3) Faça da sala de aula uma espécie de sessão em que seria votado algum direito exigido pelos trabalhadores brasileiros da época de Getúlio Vargas, como a redução da jornada de trabalho ou a lei de férias. Realize essa sessão demonstrando os artifícios usados pelo patronato brasileiro para controlar, ou melhor, "domesticar" a classe trabalhadora.

Sugestões

A leitura do texto citado abaixo pode auxiliar no tratamento do tema com a turma e tornar a explanação do professor mais atraente e significativa:
WOLF, Joel. "Pai dos Pobres ou mãe dos ricos? Getúlio Vargas, industriários e construções de classe, sexo e populismo em São Paulo, 1930-1954". Revista Brasileira de História, São Paulo: ANPUH/ Marco Zero, n°27, p. 27-60, 1994.
Érica Alves da Silva
é historiadora.

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