DiplomaciaVEJA
Estado de Israel não é produto do Holocausto, diz Obama
Declaração, aguardada há
quatro anos pelos israelenses, foi feita durante visita ao Memorial do
Holocausto. Negociações de paz com a Palestina voltam à pauta do dia, em
reunião que ele terá com o premiê israelense, Benjamin Netanyahu
O presidente americano Barack Obama deposita uma coroa de
flores no Hall da Recordação, durante sua visita ao Memorial do
Holocausto, em Jerusalém
(SAUL LOEB / AFP)
O presidente dos Estados Unidos,
Barack Obama,
disse nesta sexta-feira que a criação do Estado de Israel, em 1948, não
foi produto do Holocausto, declaração que desfaz um mal-estar de quatro
anos.
"O Estado de Israel não foi criado devido ao Holocausto", afirmou
Obama, logo após concluir uma visita ao Museu Yad Vashem, o Memorial do
Holocausto. O local guarda a lembrança dos seis milhões de judeus que
morreram nas mãos dos nazistas antes e durante a Segunda Guerra Mundial
(1939-1945).
Leia também:EUA defendem retomada de diálogo entre Israel e Palestina
A afirmação, a princípio irrelevante, era esperada por israelenses
desde 4 de junho de 2009 - ocasião em que Obama, já eleito, durante um
discurso ao mundo árabe no Cairo, no Egito, pareceu argumentar que a
legitimidade do estado judeu deriva do Holocausto. O constrangimento
acabou se agravando porque, na época, o presidente americano não
estendeu a visita a Israel.
Muitos interpretaram o comentário de Obama como uma equivocada
tentativa de estabelecer relação direta entre os dois episódios
históricos. Causou indignação entre israelenses, para quem a afirmação
respaldava a tese palestina de que os judeus estão em uma terra que não
lhes pertence e com a qual não têm nenhum vínculo histórico. A conclusão
retiraria o direito de existência de Israel como estado judeu.
Ódio - Ainda durante a visita desta sexta-feira ao
memorial, Obama afirmou que '"um estado de Israel forte" é o que garante
precisamente que "não se produzirá outro Holocausto". Em sua primeira
visita ao museu como presidente, e segunda em caráter pessoal, o
presidente ressaltou que o anti-semitismo e o racismo em geral "não têm
cabimento no mundo, porque nossos filhos não nasceram para odiar".
"Aqui lembramos não apenas a maldade a que pode chegar o ser humano,
mas também sua bondade, como daqueles que não ficaram à margem (e
salvaram judeus)", disse, sobre a instituição. "É um relato da
atrocidade, mas também um lugar de inspiração".
Acompanhado pelo presidente israelense, Shimon Peres, e o
primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, Obama começou o percurso na Sala
dos Nomes, um espaço circular coberto que em suas paredes têm
fotografias e biografias de vítimas do Holocausto.
Medalha - Obama, que ontem foi condecorado por Israel
com sua máxima distinção, a medalha presidencial, visitou antes os
túmulos do ideólogo do Estado judeu, Teodoro Herzl, e do
primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin, assassinado em 1995,
situados em uma colina em frente ao Museu Yad Vashem
O mandatário terá, ainda nesta sexta, uma nova reunião com o
primeiro-ministro israelense, na qual apresentará as posições do
presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, sobre um possível
reatamento das negociações de paz.
Obama e Abbas se reuniram ontem em Ramala para sondar as perspectivas da aplicação da solução de dois Estados, que Obama defendeu como a 'única possível'.
(Com agência EFE)