Consumo VEJA
IBGE: inflação desacelera, mas cresce 6,3% em 12 meses
Entre janeiro e fevereiro, IPCA passou de 0,86% para 0,60%. Desconto na conta de luz ajudou a controlar o índice em fevereiro
A conta de luz abaixou 15,17%, ajudando na desaceleração do índice
(Fotoarena)
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medidor oficial
de inflação do país, desacelerou entre janeiro e fevereiro, passando de
0,86% para 0,60% no segundo mês do ano, informou nesta sexta-feira o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Contudo, o
índice acumula em 12 meses até fevereiro alta de 6,31%, superior aos
6,15% relativos aos 12 meses até janeiro. A taxa também ficou acima do
registrado em fevereiro do ano passado, de 0,45%.
O resultado aumenta a preocupação do governo porque o índice de 12
meses se distancia cada vez mais do centro da meta estabelecida pelo
Banco Central (BC), de 4,5%, com banda variando 2 pontos porcentuais
(p.p.) para cima ou para baixo (2,5% a 6,5%).
Analistas acreditam que o governo possa mexer na taxa básica de juros, a
Selic, para tentar controlar o avanço dos preços. Na quarta-feira, o
Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiu
manter a taxa Selic em seu recorde de baixa, 7,25% ao ano. Contudo, as atenções se voltam com mais força para a
próxima reunião do Copom, que acontece em abril. Os economistas ouvidos pelo BC para o relatório Focus desta semana
subiram de 5,69% para 5,70% a expectativa para a inflação em 2013. Para 2014, eles estimam alta de 5,5% do IPCA.
Destaques - O
desconto na conta de luz
conduzido pelo governo ajudou a controlar o índice em fevereiro. Com
peso de 3,18% do índice cheio, as contas de energia elétrica ficaram
15,17% mais baratas no segundo mês, depois de já terem caído 3,91% em
janeiro. Assim, o aumento dos valores do aluguel (2,26%) e do condomínio
(1,33%) foram compensados e o item Habitação do IPCA diminui 2,38% em
fevereiro - a maior queda. Por outro lado, o grupo Educação apresentou a
maior alta do indicador, com 5,40% de expansão, contribuindo com 0,24
ponto porcentual no índice.
O segundo maior impacto individual veio da gasolina. O preço do litro
do combustível ficou 4,10% mais caro para o consumidor, após a aprovação
de
reajuste de 6,6% para a gasolina e de 5,4% para o diesel vendidos pela Petrobras em 29 de janeiro. Na última terça-feira, a Petrobras anunciou
novo reajuste do diesel, de mais 5%, que deve refletir na inflação de março.
Segundo o IBGE, os preços do litro do etanol subiram 2,16% e do óleo
diesel 3,72%. Assim, os combustíveis (3,64%) aliados às tarifas dos
ônibus urbanos (0,62%) e aos automóveis novos (0,59%) levaram o grupo
Transportes a registrar uma inflação de 0,81% em fevereiro, ante 0,75%
em janeiro.
Já o grupo Alimentação e bebidas, que vêm pesando sobre os indicadores
de inflação, desacelerou, passando a 1,45% em fevereiro, ante 1,99% em
janeiro, com impacto de 0,35 ponto percentual do IPCA do mês e
respondendo por 58% do índice. O grupo Despesas Pessoais, ainda segundo o
IBGE, registrou alta mensal de 0,57% em fevereiro, bem menor do que o
1,55% visto em janeiro.