segunda-feira, 1 de abril de 2013

BC poderá tomar novas medidas para conter inflação, diz Tombini

Política monetária

BC poderá tomar novas medidas para conter inflação, diz Tombini

Presidente do BC reafirmou que nível inflacionário é preocupante e que seu crescimento pode causar distorções na economia

Naiara Infante Bertão
Alexandre Tombini, presidente do Banco Central
Tombini e a inflação: "é plausível afirmar que outras (ações) poderão ser necessárias" (Ueslei Marcelino/Reuters)
O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, reiterou, na tarde desta sexta-feira, preocupação com a expansão inflacionária e disse que outras medidas poderão ser necessárias para garantir a estabilidade de preços. "Ações foram tomadas, mas é plausível afirmar que outras poderão ser necessárias. Para decidir sobre isso, o Banco Central acompanhará a evolução do cenário macroeconômico", afirmou, sem dar detalhes de quais poderiam ser as novas medidas.
Tombini, que esteve presente em evento da Câmara de Comércio França-Brasil, voltou a constatar o óbvio. Disse que o crescimento da inflação pode causar distorções na economia, tais como redução do potencial de crescimento e aumento do prêmio de risco do país. Afirmou ainda que, apesar de acreditar que as medidas tomadas pelo governo para conter a escalada de preços surtirão efeito em breve, o BC não descarta novas mudanças nos ciclos monetários. Sua fala abre, mais uma vez, espaço para economistas apostarem em mudança na taxa básica de juros, a Selic, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em abril.
Na ata da última reunião do comitê, a menção a taxas de juros baixas “por um período de tempo suficientemente prologado” foi tirada. “Não resta dúvida de que a comunicação é parte importante do processo de condução da política monetária. O ajuste na mensagem do Banco Central, por si só, já determinou mudança relevante nas condições financeiras de modo geral", disse Tombini.
Ainda no documento, o BC piorou suas projeções para os preços ao consumidor tanto para este ano quanto para 2014. "Para 2014, a projeção de inflação aumentou em relação ao valor considerado na reunião do Copom de janeiro e se encontra acima da central da meta, em ambos os cenários", informou o comitê, no documento.
Assim, a taxa atual, que é a mínima histórica de 7,25%, não deve ficar assim por muito tempo. Os analistas ouvidos pelo BC para o relatório Focus desta semana já trabalham com uma Selic em 8,25% no fim do ano. Nesta sexta-feira, a primeira medição do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), considerado prévia da inflação oficial, mostrou que os preços continuam em franca aceleração. O índice subiu 2,06% no acumulado de janeiro a março, bem acima dos 1,44% registrados no primeiro trimestre do ano passado.
Indagado sobre o câmbio, o presidente do Banco Central disse que não há uma taxa ideal, mas que o BC tem o papel de intervir nos mercados quando achar que algo está errado. Especificamente no mercado de câmbio, ele poderá intervir “para evitar volatilidade excessiva”. Ele disse ainda no evento que o Brasil está passando por uma recuperação gradual da economia e que o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer em torno de 4% este ano.

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