segunda-feira, 8 de abril de 2013

Procuradoria ordena prisão preventiva de Mubarak

Egito


O ex-presidente do Egito, a mulher e os filhos são acusados de terem se apropriado dos fundos públicos designados para as desp esas do palácio presidencial

Hosni Mubarak preso em uma delegacia no Cairo, Egito
Hosni Mubarak preso em uma delegacia no Cairo, Egito (AP)
O procurador-geral do Egito, Talaat Ibrahim, ordenou neste domingo a prisão preventiva do ex-presidente egípcio Hosni Mubarak por um novo caso de corrupção, informou a agência de notícias Mena. Mubarak, sua mulher, Suzanne Mubarak, e seus filhos Gamal e Alaa são acusados de se apropriar ilicitamente dos fundos públicos designados para as despesas do palácio presidencial.
A ordem de prisão estipulada durante 15 dias entrará em vigor assim que vencer o período de detenção preventivo que Mubarak cumpre atualmente por outras causas judiciais. A justiça egípcia anulou em janeiro a sentença pela qual Mubarak tinha sido condenado à prisão perpétua pela morte de manifestantes durante as revoltas populares de 2011, nas quais foi desbancado do poder.

Está previsto que o julgamento de Mubarak seja repetido em 13 de abril, quando também voltarão a ser processados pela morte de manifestantes o ex-ministro do Interior Habib al Adli, condenado a prisão perpétua na primeira sentença, e seis altos cargos de seu departamento, que foram absolvidos.


Também será repetido o julgamento de seus filhos e do empresário Hussein Salem - detido na Espanha - por delitos de enriquecimento ilícito e por favorecer a exportação de gás a Israel a preços abaixo do valor de mercado. Mubarak permanece hospitalizado devido a seu delicado estado de saúde, agravado após a queda que sofreu em dezembro durante um banho da prisão de Tora.


(VEJA Com agência EFE)

Israel fecha acesso a Gaza após ser atingido por foguetes

Oriente Médio


Milicianos palestinos lançaram projéteis neste domingo, sem fazer vítimas

A passagem de Kerem Shalom, em Israel, na fronteira com a Faixa de Gaza
A passagem de Kerem Shalom, em Israel, na fronteira com a Faixa de Gaza (Getty Images)
O governo israelense confirmou que os postos de controle militares de acesso à Faixa de Gaza permanecerão fechados nesta segunda-feira, um dia após o lançamento de três foguetes por milicianos palestinos que não causaram danos ou vítimas em Israel. Dois dos projéteis caíram ainda dentro do território de Gaza, e o terceiro atingiu uma região não habitada perto da cidade de Sderot, sem provocar estragos.


A passagem fronteiriça de Kerem Shalom, por onde entram bens e produtos em Gaza, ficará fechada, enquanto a de Erez, que serve para entrada de pessoas, será aberta para casos humanitários, acrescentou um porta-voz do Exército israelense.
Na semana passada, milícias de Gaza lançaram cinco projéteis contra Israel, após a morte por câncer do palestino Maisara Abou Hamdiyeh, que estava preso em Israel. Familiares e a Autoridade Nacional Palestina responsabilizaram as autoridades penitenciárias por não lhe prestarem atendimento médico a tempo.
Após os ataques, o exército israelense bombardeou diversos alvos próximos a Beit Lahia, no norte do território, também sem deixar vítimas. Foi a primeira vez que Israel atacou a Faixa de Gaza desde a trégua acertada em novembro do ano passado com o grupo terrorista Hamas, que governa Gaza.
(VEJA Com agência EFE)

Na Copa de 2014



A garota da Garoto
Claudia Leitte acaba de renovar contrato com a Nestlé e será garota-propaganda da Garoto durante a Copa de 2014.
As ações de marketing preveem, além de publicidade, a presença de Claudia em jogos do Mundial, num espaço VIP qualquer..
Por Lauro Jardim

Atriz espanhola Sara Montiel morre aos 85 anos

Cinema


De imponente beleza e voz sensual, a atriz conquistou fama mundial com o faroeste 'Vera Cruz', filmado em 1954 em Hollywood, ao lado de Gary Cooper

A atriz Sara Montiel, que morreu aos 85 anos na Espanha
A atriz Sara Montiel, que morreu aos 85 anos, em foto de 1966 (Getty Images)
A atriz espanhola Sara Montiel, um ícone de Hollywood, morreu nesta segunda-feira em Madri aos 85 anos.
Montiel, que também teve uma importante carreira como cantora, é considerada a atriz espanhola mais famosa de Hollywood. Ela trabalhou em quase 50 filmes, alguns deles de grande sucesso comercial.
Sara Montiel, cujo nome verdadeiro era María Antonia Abad Fernández, nasceu em 10 de março de 1928 em uma família humilde de Ciudad Real, sul da Espanha, e estreou no cinema com um pequeno papel no filme Te Quiero para Mi. De imponente beleza e voz sensual, a atriz conquistou fama mundial com o faroeste Vera Cruz, filmado em 1954 em Hollywood ao lado de Gary Cooper, assim como com La Violetera (1958) e A Última Canção, de 1957.
Em 1975, ela abandonou o cinema para dedicar-se à música.
(Com agência France-Presse)

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A cada 9 horas, Sedex sofre um roubo na Grande SP

Criminalidade


Cartões bancários e eletrônicos são principais alvos dos bandidos, e só no ano passado foram 911 casos; parte das entregas passou a ter escolta

Agência dos Correios, em Salvador. Após 28 dias de greve, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou que os funcionários dos Correios retornem ao trabalho - 13/10/2011
Empresa diz que está investindo em rastreamento e segurança (Raulo Spinassé/Agência A Tarde/Folhapress)
A Grande São Paulo registrou ao menos um roubo de encomendas que seriam entregues pelos carteiros a cada nove horas em 2012, o que obrigou os Correios a colocar escolta em parte das entregas realizadas pelo Sedex. Foram instaurados 911 inquéritos pela Polícia Federal (PF) só no ano passado, relacionados a esse tipo de crime.
Segundo os carteiros, a escolta é feita por dois homens em um carro que acompanha a van do Sedex. Porém, só a menor parte das linhas conta com esse tipo de proteção, o que deixa grande parte dos funcionários vulnerável aos roubos. "Já fui assaltado duas vezes neste ano e, por isso, acabei afastado das ruas", disse o carteiro Celso dos Santos, de 43 anos, há vinte nos Correios – dez deles como motorista do Sedex.
Cartões e eletrônicos – Guilherme de Castro Almeida, titular da Delegacia de Repressão a Crimes contra o Patrimônio da PF, responsável por apurar os casos, afirma que uma parte dos assaltos é praticada por ladrões que buscam cartões bancários e que já contam com alguém capaz de desbloqueá-los. Ele afirma que as Zonas Sul e Leste da capital paulista são os locais com mais roubos e atribui esse tipo de crime ao crescimento da classe C, que agora tem condição de comprar produtos eletroeletrônicos pela internet, alvo da cobiça dos bandidos. No ano passado, 71 pessoas foram presas em flagrante pela participação em 44 assaltos.
Almeida conta que há uma unidade de repressão a crimes postais em um dos centros de distribuição dos Correios e que, até a metade do ano, haverá um software capaz de cruzar informações para detectar as características dos bandidos em determinada área, auxiliando nas investigações. Os Correios afirmam que desenvolvem ações em conjunto com órgãos de segurança pública e com o Programa de Combate ao Roubo de Carga do Estado de São Paulo (Procarga). A empresa diz também que investe em rastreamento.
Prejuízo – Além de não receberem as encomendas roubadas, clientes que compram pela internet têm encontrado dificuldade para conseguir o reembolso. O administrador de empresas Marcus Vinicius Espudaro, de 35 anos, teve duas minilentes fotográficas para iPhone, compradas de um site chinês, roubadas durante a entrega. Ele acionou os Correios, que o orientaram a procurar o site, dizendo que o objeto pertence ao remetente antes de chegar ao destinatário. "Eu entendo que a responsabilidade é dos Correios, cujo carteiro foi assaltado."
Os Correios afirmam que a União Postal Universal (UPU) estabelece que qualquer pagamento de indenização só pode ser feito ao remetente da encomenda. Mas o advogado especialista em relações de consumo e professor do Mackenzie Bruno Boris diz que o consumidor que não recebeu a encomenda pode, sim, pleitear a indenização à empresa brasileira.
(Com Estadão Conteúdo)

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Dilma escapa de Brasília para festa de Marisa em SP


Dilma escapa de Brasília para festa de Marisa em SP


A presidente Dilma Rousseff saiu discreta e sigilosamente de Brasília na noite de sábado para comemorar os 63 anos de Marisa Letícia em São Paulo. O Planalto apenas informara que a presidente teria uma “agenda privada”. Dilma e cinco ministros do governo participaram da festa surpresa que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva armou para sua mulher no restaurante Rodeio, nos Jardins, bairro nobre da capital. A presidente chegou por volta das 21h30, permanecendo na festa por cerca de duas horas. Dilma estava num um Ômega prata, carro não oficial. O trajeto de Brasília a São Paulo foi feito no avião da Presidência.
Dilma foi aplaudida ao entrar no salão e fez questão de cumprimentar todos antes de se sentar entre Lula e Marisa. Entrou e foi embora pela porta dos fundos, que dava acesso direto à área reservada à festa. A assessoria de Dilma disse que ela embarcaria direto para Brasília. Em uma semana, a festa foi o segundo evento secreto de Dilma. Na quinta-feira passada, ela também deixou a capital federal e reuniu-se com Lula, o ministro Aloizio Mercadante (Educação), o ex-ministro Antonio Palocci e o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, por sete horas no Hotel Unique, em São Paulo. O Planalto não informou nenhum tipo de detalhe do encontro por se tratar de “agenda privada” da presidente.
Lula tirou Marisa do apartamento em São Bernardo com a desculpa de que iriam à casa de um dos filhos. Os noventa convidados insistiam em dizer que conversas políticas não entraram em pauta. Entre os presentes estavam os ministros Edison Lobão (Minas e Energia), Marta Suplicy (Cultura), Alexandre Padilha (Saúde), Mercadante e Guido Mantega (Fazenda), além do cabeleireiro Wanderley Nunes e do médico do casal, Roberto Kalil. O prefeito Fernando Haddad e a família também foram à festa. Na saída, questionado por repórteres sobre o pedido de investigação da denúncia de Marcos Valério sobre seu envolvimento com o mensalão, Lula fugiu da pergunta. “Foi surpresa”, disse, referindo-se à festa.
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Seul, agora, minimiza chance de teste nuclear de Pyongyang

Ásia

Seul, agora, minimiza chance de teste nuclear de Pyongyang

Ministro revela no Parlamento maior atividade no local de testes anteriores, tem discurso desautorizado e diz depois que não falou o que câmeras gravaram

Imagem de satélite mostra  Centro de Pesquisas Nucleares de Yongbyon, que produziu material para os testes atômicos da Coreia do Norte
Imagem de satélite mostra  Centro de Pesquisas Nucleares de Yongbyon, que produziu material para os testes atômicos da Coreia do Norte - Getty Images
O governo da Coreia do Sul se envolveu nesta segunda-feira em um constrangedor conflito de versões oficiais sobre um possível novo teste nuclear da Coreia do Norte, que seria o quarto da história. Respondendo ao questionamento de deputados na Assembleia Nacional, em Seul,  o ministro da Unificação sul-coreano, Ryoo Kihl-jae, revelou que Pyongyang pode ter iniciado preparativos para testar novamente armas atômicas. Segundo o ministro, seria "muito provável" que o regime comunista fizesse um novo teste em breve, baseado no aumento de atividade de trabalhadores e veículos próximo ao local dos três testes feitos até hoje – o mais recente ocorreu em 12 de fevereiro e foi repreendido com sanções da ONU a Pyongyang.
Mais tarde, no entanto, o discurso do ministro da Unificação foi desautorizado por seu colega da Defesa, cujo porta-voz, Kim Min-seok, declarou não haver nada de "incomum" no movimento de carros e pessoas na região dos testes nucleares da Coreia do Norte, e que nenhuma nova explosão atômica é iminente. Após a nova versão, o ministro Ryoo Kihl-jae comunicou à imprensa não se recordar de ter falado em "indicativos" de um novo teste nuclear de Pyongyang – sua declaração, porém, foi gravada por câmeras de TV.


Embora o ministro não tenha dado detalhes sobre o assunto, uma fonte do governo sul-coreano citada pelo jornal Joongang informou que recentes imagens de satélite monitoradas em Seul indicam que o país vizinho está realizando preparativos para seu quarto teste atômico. "Detectamos uma maior atividade de operários e veículos no túnel sul do local de testes de Punggye-ri, onde o regime trabalhou na manutenção das instalações desde seu terceiro teste nuclear em fevereiro. As atividades parecem ser similares às de antes do terceiro teste, portanto estamos vigiando de perto o lugar. Só Pyongyang sabe se vai ser realizado o teste e quando", afirmou a fonte.
O governo da Coreia do Sul já advertiu neste domingo sobre a possibilidade de um próximo teste de mísseis da Coreia do Norte, após detectar a aparente mudança de projéteis de médio alcance do regime comunista. Seul acredita que isso possa ocorrer ainda esta semana, por volta de 10 de abril. Uma data citada por especialistas é 15 de abril, dia do nascimento de Kim Il-sung, fundador do país e avô do atual ditador, Kim Jong-un. Nenhuma previsão, contudo, foi feita sobre o novo teste nuclear.
A possibilidade do lançamento do míssil ainda esta semana foi confirmada pelo principal assessor de segurança nacional da presidente sul-coreana Park Geun-Hye. Apesar da nova provocação, ele descartou a iminência de uma guerra. "Não há sinais de uma guerra em grande escala agora, mas o Norte terá que preparar-se para executar represálias no caso de uma guerra local", disse Kim.

China – Neste domingo, a China lamentou a tensão na península coreana. Aliado de Pyongyang, o governo chinês tem mostrado crescente irritação com as ameaças de guerra nuclear da Coreia do Norte. O presidente chinês, Xi Jinping, discursando num evento na ilha de Hainan, não citou a Coreia do Norte, mas disse que nenhum país "deve ter permissão para jogar uma região e mesmo o mundo inteiro no caos para ganho próprio". A estabilidade na Ásia, disse ele, "enfrenta novos desafios, temas importantes continuam emergindo, e existem ameaças tradicionais e não tradicionais à segurança".

O ministro do Exterior da China, Wang Yi, num comunicado divulgado no sábado sobre uma conversa telefônica com o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, expressou frustração similiar. Neste domingo, o ministro manifestou "séria preocupação" com a tensão na península e disse que a China pediu a Pyongyang para que "assegure a segurança dos diplomatas chineses de acordo com as normas internacionais".

A Alemanha rebateu, neste domingo, a decisão da Coreia do Norte de não proteger os diplomatas em caso de conflito depois do dia 10 de abril. “A Coreia do Norte deve garantir a segurança das embaixadas em seu território sem impor uma data limite, o que seria inaceitável", afirmou o ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle em um comunicado, depois conversar por telefone por com o enviado de Berlim em Pyongyang. Na sexta-feira, o país propôs às embaixadas a evacuação por "não poder garantir a segurança em caso de conflito bélico" .
Leia mais: Pyongyang: apesar da tensão, países mantêm embaixadas
"Há regras claras no direito internacional e a Coreia do Norte também deve cumprir. A Coreia do Norte é irresponsável ao aumentar a tensão. Isso constitui uma ameaça real para a paz e a segurança na região", disse o ministro. Westerwelle reiterou que, no momento, a embaixada alemã em Pyongyang continua trabalhando normalmente.
Contexto – A Coreia do Norte persiste em suas ameaças nucleares, apesar do aumento da pressão internacional, um mês depois de o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovar novas sanções. As penalizações da ONU aprovadas no dia 7 de março com o apoio unânime de todos seus membros – incluindo a China, aliada história da Coreia do Norte – em represália ao terceiro teste atômico do regime provocaram não só maiores restrições de índole econômica sobre Pyongyang, mas a afundaram em sua prolongado isolamento.

Desde então, a Coreia do Norte não fez nada além de radicalizar seu discurso e ameaçar iniciar um conflito armado, o que levou a uma perigosa escalada militar na região. A condenação do regime do jovem e imprevisível líder Kim Jong-un à nova resolução sancionadora do Conselho da ONU e sua rejeição ante o início de manobras militares conjuntas de Estados Unidos e Coreia do Sul na região veio acompanhada do anúncio de aumentar sua capacidade nuclear e de iniciar uma "guerra sem quartel".

Vinte anos após massacre do Carandiru, 26 PMs vão a júri

Justiça

Vinte anos após massacre do Carandiru, 26 PMs vão a júri

Policiais respondem por homicídio qualificado de 15 detentos. Em 2 de outubro de 1992, ação da PM resultou na morte de 111 presos do complexo

Movimentação policial em frente à Casa de Detenção do Carandiru, na zona norte de São Paulo, durante rebelião de presos, em 02/10/1992
Movimentação policial em frente à Casa de Detenção do Carandiru, na zona norte de São Paulo, durante rebelião de presos, em 02/10/1992 - AE
Mais de vinte anos após o massacre do Carandiru, quando 111 presos foram mortos em uma ação da tropa de choque comandada pelo coronel Ubiratan Guimarães, 26 policiais militares envolvidos no episódio começam a ser julgados nesta segunda-feira. O julgamento tem início previsto às 9 horas, no Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo.
Os nomes dos policiais que serão julgados, bem como os cargos que ocupam atualmente são mantidos em sigilo pela Justiça. Todos respondem em liberdade até hoje. Inicialmente, 130 PMs foram denunciados à Justiça pelo massacre. O número, contudo, foi caindo ao longo dos anos. Isso porque prescreveram muitas das acusações, como o crime de lesão corporal. Hoje, apenas 79 PMs respondem pelo massacre.
Nesta primeira etapa do julgamento, serão julgados 26 PMs que respondem por homicídio qualificado pela morte de 15 detentos. As demais fases, em que serão apuradas as responsabilidades dos demais policiais, não têm data para começar.
Em 2001, o coronel Ubiratan Guimarães, que comandou a operação, foi condenado a 632 anos de prisão por comandar a ação no Carandiru, mas, em fevereiro de 2006, o Tribunal de Justiça de São Paulo reinterpretou a decisão do 2º Tribunal do Júri e decidiu absolver o coronel. Ubiratan foi morto em setembro de 2006 com um tiro na barriga, em seu apartamento nos Jardins, região nobre de São Paulo.
Relembre o caso - Em 2 de outubro de 1992, chamados para conter uma rebelião na Casa de Detenção de São Paulo, parte do complexo presidiário do Carandiru, cerca de 340 policiais invadiram o pavilhão nove sob a liderança do coronel Ubiratan. Tudo caminhava para que os mais de 2 000 detentos fossem dominados e tranquilizados, até que os batalhões de choque chegaram ao segundo andar do pavilhão, o foco da revolta. Então, passou-se meia hora de execuções à queima-roupa. Armados com revólveres, escopetas e metralhadoras, os policiais executaram sumariamente 111 presos. Do lado da polícia, nenhuma baixa.
A reação imediata do governador foi atrasar a contagem dos corpos e tentar ludibriar a imprensa por algumas horas para não atrapalhar o resultado das eleições que se realizariam no dia seguinte.
Em setembro de 2002, a Casa de Detenção, a maior da América Latina, foi finalmente desativada. No local foi construído um parque público com áreas de lazer e cultura. Cerca de 170.000 pessoas passaram pelo presídio em 46 anos. Em abril de 2000, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) considerou oficialmente o episódio como um massacre, o que significa que o Brasil ainda poderia ser levado a julgamento em cortes internacionais em função do caso. O governador e o secretário de Segurança do Estado na época não foram responsabilizados pelo episódio.
Segundo a Defensoria Pública do estado, dos 64 processos de indenização movidos por familiares das vítimas contra o estado, apenas 26 tiveram ordem de pagamento autorizada. A maioria foi paga só em 2011 – e boa parte das indenizações autorizadas segue na fila dos precatórios.

Conheça a Casa Daros, o novo espaço dedicado à arte latino-americana no Rio

Artes plásticas


Instalado em um casarão histórico do século XIX, centro cultural estreia com exposição de 75 obras de artistas colombianos

Rafael Lemos, do Rio de Janeiro
Casa Daros: primeiro espaço dedicado exclusivamente à arte latino-americana
Casa Daros: primeiro espaço dedicado exclusivamente à arte latino-americana - Divulgação
Menos de um mês depois da inauguração do Museu de Arte do Rio, o MAR, a cidade ganha um novo espaço de arte - o primeiro dedicado exclusivamente à América Latina. Instalada em um histórico casarão do século XIX, distribuído em terreno de 12 mil metros quadrados, no bairro de Botafogo, Zona Sul, a Casa Daros abriu suas portas no fim de março. Na estreia, a exposição Cantos Cuentos Colombianos, que reúne 75 obras representativas de dez artistas da Colômbia.
Inicialmente prevista para 2008, a Casa Daros teve a inauguração adiada em virtude de uma complexa e minuciosa obra de restauração do imóvel, que estava em péssimas condições quando foi comprado por 16 milhões de reais, em 2006. De lá para cá, foram investidos mais 67 milhões de reais em melhorias. Construído em 1866, o edifício neoclássico foi projetado pelo arquiteto Francisco Joaquim Bethencourt da Silva (1831-1912), discípulo de Grandjean de Montigny, que deixou sua marca também nos prédios do Centro Cultural Banco do Brasil e do Real Gabinete Português de Leitura.
O espaço receberá anualmente pelo menos duas exposições montadas a partir do acervo da instituição Daros Latinamerica, sediada em Zurique, na Suíça. A coleção, de cerca de 1.200 obras de 117 artistas, começou a ser organizada em 2000 pelo curador Hans-Michael Herzog e a colecionadora suíça Ruth Schmidheiny, que financia todo o projeto.
Divulgação
Casa Daros: obra de Fernando Arias
Casa Daros: obra de Fernando Arias
"Na Europa, não havia interesse pela arte latino-americana. Literatura e música, sim, mas arte contemporânea, não. Com o tempo, o público europeu começou a entender e a ver a qualidade dessa produção", conta Herzog, que organizou uma série de exposições em Zurique, apresentando aos europeus algumas das peças que garimpava na região. "Muitos veem a América Latina como um bloco monolítico e não um espaço diverso, cheio de especificidades", atesta o cubano Eugenio Valdés Figueroa, diretor de arte e educação da Casa Daros. "Não queremos a América Latina como um gueto. Queremos discutir a arte latino-americana num contexto internacional", completa.
Morte e narcotráfico – Os temas guerra e paz, morte e vida são recorrentes na maioria das obras selecionadas, embora o curador assegure que se trata de uma coincidência. Logo na entrada, o espectador é impactado pela visão de um caixão formado com peças de Lego, nas cores da bandeira da Colômbia, e uma linha branca no topo, simbolizando a cocaína. A obra, do artista Fernando Arias, é uma referência à infância na Colômbia (incluindo a dele mesmo) num contexto de mortes em meio à guerra contra o narcotráfico.
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Casa Daros: obra de Oscar Muñoz
Casa Daros: obra de Oscar Muñoz
"Seleciono uma obra pela sua qualidade intrínseca. Ela deve ser boa por si mesma, ter diversas camadas de leitura. Não gosto da arte pela arte", destaca Herzog. O resultado é uma exposição com forte tom político. A série fotográfica David n° 2, de Miguel Ángel Rojas, mostra um soldado mutilado após pisar em uma mina, numa versão chocante de David, de Michelangelo. Em instalação de outro artista, Oscar Muñoz, o visitante sopra espelhos e vê surgirem os rostos de pessoas desaparecidas em conflitos na Colômbia.
Outras atividades – Além da mostra principal, a Casa Daros oferece outras atrações aos visitantes, como a exposição paralela Para Saber Escutar, com curadoria de Eugenio Valdés Figueroa. É o resultado de atividades e programas desenvolvidos desde 2007 pela instituição. Uma das peças mais marcantes é a Nossa Senhora das Graças (2008), de Vik Muniz, fotografia de uma instalação feita com entulhos da reforma do casarão. Uma biblioteca com 5.000 títulos funcionará - inicialmente, apenas com hora marcada - de quarta a sábado, das 13h às 18h. Também estão previstas oficinas, programação audiovisual, conversas com artistas e até cursos.
No andar térreo, o café-restaurante Mira! (dos mesmos donos do Miam Miam e do Oui Oui), que custou 2 milhões de reais para ser construído, oferece um espaço diferenciado. E para aqueles que desejam levar uma lembrança do local, a loja da Casa Daros reunirá livros e produtos vindos de ateliês e empresas do Rio, São Paulo e Belo Horizonte, entre outras cidades brasileiras.
Arte para grandes eventos - A inauguração da Casa Daros coincide com um movimento que se intensificará nos próximos meses no Rio, com a abertura do Museu do Amanhã, do Museu da Moda e da nova sede do Museu da Imagem e do Som. É a arte em ebulição na cidade que vai receber milhões de turistas a partir deste ano, com a Jornada Mundial da Juventude, a Copa das Confederações, a Copa do Mundo 2014 e a Olimpíada de 2016.
Serviço
A exposição Cantos Cuentos Colombianos vai até 8 de setembro, de quarta-feira a domingo. A entrada será gratuita até o dia 14 de abril. Após essa data, o ingresso custará 12 reais, e 6 reais a meia-entrada. São 75 obras representativas de dez artistas da Colômbia: Doris Salcedo, Fernando Arias, José Alejandro Restrepo, Juan Manuel Echavarría, María Fernanda Cardoso, Miguel Ángel Rojas, Nadín Ospina, Oscar Muñoz, Oswaldo Macià, e Rosemberg Sandoval. 
Casa Daros fica na Rua General Severiano, 159, em Botafogo, Zona Sul do Rio. Contato: (21) 2138-0850 ou rio@casadaros.net
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Gol faz venda antecipada de milhas Smiles

Aviação


Acordo envolve venda antecipada de milhas no valor de R$ 400 milhões com os bancos Bradesco, Banco do Brasil e Santander

Aeronave da Gol no Aeroporto de Congonhas, São Paulo
Smiles, subsidiária da Gol, pode levantar R$ 1,346 bilhão com IPO (Reinaldo Canato)
A Gol Linhas Aéreas anunciou nesta segunda-feira que sua subsidiária Smiles concluiu um acordo de venda de milhas antecipadas com os bancos Bradesco, Banco do Brasil e Santander em cerca de 400 milhões de reais. Esse valor, segundo comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), deverá ser recebido pela Smiles em 30 de abril.

Nesta segunda-feira também a companhia anunciou detalhes da oferta inicial de ações (IPO na sigla em inglês) do Smiles e um acordo com a firma de investimentos e private equity General Atlantic Service Company também no valor de 400 milhões de reais por meio de fundo de investimento de participações (FIP). O acordo foi realizado numa negociação privada, mas será liquidado no processo de oferta de ações. A General Atlantic não participará do procedimento de coleta de intenções de investimento (bookbuilding).

A Smiles S.A. fará oferta pública de distribuição primária de 38.647.343 ações ordinárias, que pode ser aumentada em 15% em lote suplementar e 20% em adicional, caso haja maior demanda do que a oferta inicialmente colocada, totalizando 52.173.913 papéis.

A faixa de preço sugerida por ação é de 20,70 reais a 25,80 reais. Considerando que as ações sejam precificadas no teto deste intervalo de preços e que todos os lotes (inclusive os extras) sejam vendidos, o IPO da Smiles poderá alcançar 1,346 bilhão de reais. O período de reserva começa em 15 de abril e vai até 24 de abril. As apresentações a potenciais investidores (roadshow) e o procedimento de bookbuilding vão desta segunda-feira até 25 de abril, quando será fixado o preço por ação. Os coordenadores da oferta são os bancos Credit Suisse (líder), Itaú BBA, Bradesco BBI, Morgan Stanley, Deutsche Bank, Santander e BB Investimentos.

Abertura de capital - A companhia aérea dividiu no fim do ano passado suas operações do programa de relacionamento Smiles das atividades da Gol. Assim, uam nova empresa foi criada sob o nome Smiles S.A. - o primeiro passo para a abertura de seu capital. Até então, as atividades do programa de relacionamento eram conduzidas por sua controlada VRG.

A separação entre o programa de milhagens Smiles e a empresa aérea já havia sido adiantada ao longo do ano passado, quando o presidente da empresa, Paulo Kakinoff, afirmou que haveria uma reestruturação e uma possível estreia da Smiles na bolsa de valores.


(com Estadão Conteúdo)

Corte aceita apelo de Mubarak, que terá novo julgamento

Egito


Mubarak e o ex-ministro Habib al-Adli foram condenados à prisão perpétua em junho do ano passado pelas mortes de manifestantes para sufocar revolta

Hosni Mubarak em 19/10/2010
Juízes poderão considerar saúde de Mubarak ao emitir um veredicto (Amr Abdallah Dalsh/Reuters)
Um tribunal egípcio aceitou neste domingo o recurso do ex-presidente deposto Hosni Mubarak e de seu ex-ministro do Interior permitindo um novo julgamento sobre os assassinatos de manifestantes no levante de 2011.
Mubarak e o ex-ministro Habib al-Adli foram condenados à prisão perpétua em junho do ano passado pelas mortes de manifestantes por forças de segurança que tentaram sufocar a revolta.
"O tribunal decidiu aceitar o recurso interposto pelos réus e ordena um novo julgamento", informou o juiz Ahmed Ali Abdel Rahman.

O ex-líder de 84 anos de idade foi transferido da prisão para um hospital militar no final de dezembro depois de quebrar costelas em uma queda.
"O novo julgamento será baseado na mesma evidência usada no julgamento anterior. Nenhuma evidência nova será adicionada ao caso", disse Mohamed Abdel Razek, um dos advogados de Mubarak
Ele acrescentou que o novo painel de juízes poderia considerar a saúde de Mubarak ao emitir um veredicto. O tribunal também ordenou um novo julgamento dos assessores de al-Adli.
(com Reuters)

'Gênesis' é tributo de Sebastião Salgado à Terra virgem

Fotografia


Fotógrafo brasileiro lança, neste mês, o livro que resultou de seu último grande projeto, que envolveu sete anos de trabalho e viagens ao redor do mundo

Foto que integra o projeto Gênesis, do fotógrafo Sebastião Salgado
Foto que integra o projeto Gênesis, do fotógrafo Sebastião Salgado (Sebastião Salgado/EFE)
Após oito anos e mais de 30 viagens buscando a natureza em estado original, nasceu Gênesis, o último grande projeto do fotógrafo Sebastião Salgado, um livro de mais de 500 páginas de aterradoras imagens com toda as tonalidades possíveis do preto e branco, que será lançado neste mês.
Após trabalhos mundialmente conhecidos como Trabalhadores e Êxodos, Gênesis é a homenagem de Salgado a uma porção do planeta Terra que permanece virgem, driblando de forma quase milagrosa o desenvolvimento e a incursão da sociedade moderna. O projeto, realizado entre 2004 e 2012, é composto por 520 páginas, divididas nos capítulos Extremo Sul do Planeta, Extremo Norte do Planeta, África, Amazônia/Pantanal e Santuários do Planeta.
O livro não traz só imagens de paisagens naturais, inclui também retratos de pessoas que vivem em equilíbrio natural com seu ecossistema, como a tribo dos Zo'e, isolada na Floresta Amazônica, os criadores de gado nômades Dinka no Sudão e a etnia Korowai de Papua Nova Guiné.
Como parte do último grande projeto de Salgado, o cineasta Win Wenders (Asas do Desejo) fará um filme em parceria com o fotógrafo. Haverá, ainda, uma exposição que percorrerá a partir do dia 11 cidades como Londres, Rio de Janeiro, Roma, Toronto, Paris e Lausanne, na Suíça.
Nascido em 8 de fevereiro de 1944 na cidade de Aimorés (MG), Salgado é considerado um dos fotógrafos mais importantes do Brasil. Em 1994, ele fundou em Paris sua agência, As Imagens da Amazônia. Ele, porém, já afirmou que, devido à idade avançada (67 anos), não voltará a fazer projetos como esse, que demandou sete anos de trabalho e viagens ao redor do mundo.
(VEJA Com agência EFE)

Um Marcos Valério no Paraná?

Contas públicas


Movimentação atípica de recursos leva o Tribunal de Contas da União a investigar uma pequena agência de publicidade paranaense

Marcos Valério
Marcos Valério (Reprodução)
O Tribunal de Contas da União (TCU) vai investigar um fenômeno de atração de verbas publicitárias federais para uma minúscula agência paranaense. O volume de verbas e contas federais que essa agência está concentrando lembra em tudo o buraco negro cavado em torno do publicitário mineiro Marcos Valério. Deu no que deu. O TCU trabalha para evitar um novo desastre anunciado, com risco de repetição, no Paraná, do escândalo descoberto em Minas Gerais.
Os paranaenses de alto coturno em Brasília, os ministros Paulo Bernardo (Comunicações) e Gleise Hoffmann (Casa Civil), nada têm a ver com o fenômeno do Valério de Curitiba. O santo do milagre é do Paraná, mas ocupa cargo de menor importância. É deputado federal.

Marco Feliciano para presidente?


A visibilidade que o PSC ganhou com o caso do deputado Marco Feliciano (SP) na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara fez o partido começar a sonhar com outra presidência: a da República.  Tradicional coadjuvante nas alianças capitaneadas pelo PMDB, seu maior aliado, o PSC já fala em lançar candidato próprio à sucessão da presidente Dilma Rousseff em 2014. A candidatura faz parte da estratégia do partido de ampliar as bancadas federais e eleger, pelo menos, um governador. Internamente, Feliciano e o vice-presidente e homem forte do PSC, pastor Everaldo Pereira, disputam a vaga de candidato.
“A decisão é que teremos candidatura própria à presidência da República”, afirma Everaldo. “Ser inteligente é fazer o que outros inteligentes fizeram. E o PT foi inteligente em fazer o Lula ser candidato à Presidência três vezes, antes de ganhar a eleição”, completa. Cauteloso, ele desconversa ao ser questionado sobre a própria candidatura: “Sou soldado do PSC, que é um partido democrático. Todos os que quiserem podem disputar”.
Embora o nome de Everaldo seja referendado pelas principais lideranças, Marco Feliciano também colocou seu nome à disposição do partido. Em uma reunião de presidentes de diretórios em Salvador no ano passado, ele declarou que conhece bem o Brasil, já que percorre todo o país em suas pregações a milhares de pessoas, o que lhe daria condições de impulsionar a candidatura. Recentemente, seus apoiadores passaram a estimular a ideia nas redes sociais. Mesmo assim, aliados e companheiros de partido defendem que o deputado aproveite o destaque e volte à Câmara com uma votação estrondosa. “Do jeito que conheço o meio evangélico, o Feliciano se elege com mais de um milhão de votos no ano que vem e traz com ele uns três deputados”, diz o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ).

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Morre Margaret Thatcher, ícone de ferro do liberalismo

Memória veja

Morre Margaret Thatcher, ícone de ferro do liberalismo

Primeira-ministra da Grã-Bretanha por quase 12 anos, ela encolheu o governo e recuperou a prosperidade do país com uma receita admirada em todo o mundo

  • Margaret nomeada membro da Ordem da Jarreteira, a mais alta da cavalaria britânica, 1995
  • Margaret com o presidente americano Ronald Reagan, em 1984
  • Margaret após explosão de bomba do IRA durante uma conferência do Partido Conservador, em Brighton, 1984
  • Margaret Thatcher eleita primeira-ministra pela primeira vez, 1979
  • Margaret com os filhos Mark e Carol, e o marido Denis Thatcher, em 1976
Nelson Mandela é recebido pela então primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, em julho de 1990
Nelson Mandela é recebido pela então primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, em julho de 1990 - Reuters
Os soviéticos a apelidaram de “Dama de Ferro”. O ex-presidente americano Ronald Reagan a chamou de “o melhor homem da Inglaterra”. O socialista francês François Mitterand a definiu por seus “olhos de Calígula e lábios de Marilyn Monroe”. Na ficha de seleção para um emprego, ela foi rejeitada por ser “teimosa, obstinada e perigosamente dona de opiniões próprias”. Margaret Thatcher, primeira-ministra da Grã-Bretanha que mais tempo permaneceu no cargo no século passado, morreu nesta segunda-feira, aos 87 anos, deixando um papel bem definido na história: o de líder da revolução liberal que, na década de 1980, desmontou programas sociais deficitários, cortou impostos e gastos públicos, privatizou estatais perdulárias e tirou da paralisia a economia britânica para, depois, se espalhar pelo mundo.
A causa da morte da ex-premiê, segundo seu porta-voz, lorde Bell, foi um derrame cerebral. Ela já havia deixado a vida pública em 2002 por causa de um pequeno derrame, e sofreu vários outros depois deste. “É com grande tristeza que Mark e Carol Thatcher anunciaram que sua mãe, baronesa Thatcher, morreu em paz após um derrame nesta manhã. Um comunicado será anunciado mais tarde”, afirmou Bell.
Os pequenos derrames dos últimos anos lhe deixaram sequelas, como confusões ocasionais e perdas de memória. Seu estado de saúde estava se deteriorando desde então, e ela chegou a sofrer de demência. Segundo sua filha, Carol, em suas crises, Thatcher tinha dificuldades em terminar suas frases e esquecia que seu marido, Denis Thatcher, morreu em 2003. A morte de seu mais próximo confidente e companheiro por 50 anos intensificou seu isolamento do mundo. A última vez em que ela foi internada foi em dezembro de 2012, quando passou por uma cirurgia na bexiga.


Primeira mulher a chefiar um governo parlamentar na história da Europa, Thatcher ficou onze anos e meio no poder, de 1979 a 1990, tempo mais do que suficiente para os princípios que defendia (menos governo, menos despesas e independência em relação à União Europeia) se fixarem profundamente no modo de vida britânico. Vinte anos depois do fim de seu governo, o “thatcherismo” continua tão atual na Grã-Bretanha quanto a monarquia, o peixe com batata frita e a cerveja quente dos pubs – mais do que uma convicção política, é uma instituição nacional.
Em três décadas de carreira política, ela lutou contra a intervenção do estado na economia e combateu a inflação. Eleita primeira-ministra em 1979, fez a taxa cair de um pico de 27% para 2,5% seis anos depois. Privatizou as indústrias estatais de petróleo e gás, aeroportos e companhias aéreas, telefone e energia elétrica, estimulando o crescimento econômico mesmo com o aumento do desemprego e criando um paradigma de competitividade até hoje seguido no planeta. Sua receita para recuperar a economia incluiu a crença de que sindicatos com muito poder político estrangulavam as empresas em nome de interesses eleitorais. Com isso em mente, Thatcher enfrentou líderes sindicais, retirou privilégios fiscais das organizações trabalhistas e enfrentou greves que duraram mais de um ano, até vencê-los.

Vencer, afinal, era sua especialidade. Na democracia mais antiga do planeta, ganhou três eleições consecutivas para a chefia do governo – algo até então inédito, repetido depois por Tony Blair. Seu primeiro triunfo nas urnas veio aos 33 anos, quando elegeu-se pela primeira vez para o Parlamento pelo Partido Conservador. Em 1970, quando o partido derrotou os trabalhistas e voltou ao poder com o premiê Edward Heath, foi nomeada ministra da Educação. Quatro anos depois tornou-se a primeira mulher a ganhar a liderança do partido, passo que a conduziu ao cargo de premiê após vencer as eleições gerais de 1979. A década seguinte trouxe seu primeiro desafio além das fronteiras da Grã-Bretanha: a invasão das Ilhas Malvinas pela Argentina do ditador Jorge Videla em 1982. Thatcher ouviu os chefes das Forças Armadas e não titubeou. No campo de batalha, os soldados britânicos arrasaram os argentinos e recuperaram a soberania sobre o arquipélago em dois meses e meio.

Nas relações exteriores, Thatcher cultivou uma estreita relação política e pessoal com o então presidente dos EUA, Ronald Reagan. A defesa do livre mercado era o princípio em comum e a luta contra comunismo selou a aliança. Curiosamente, foram os inimigos soviéticos que criaram a imagem de “mulher forte” que Thatcher incorporou. Ainda em 1976, três anos antes de ela se tornar primeira-ministra, o jornal Estrela Vermelha, publicado pelo Exército soviético, chamou-a de “Dama de Ferro” ao comentar um discurso de Thatcher sobre a Otan, a aliança militar do Atlântico Norte. Com ironia, ela acabou usando a seu favor o que era para ser uma afronta sexista: “Estou aqui diante de vocês com meu vestido de gala de seda vermelha, meu rosto levemente maquiado e meu cabelo gentilmente escovado, a Dama de Ferro do mundo ocidental. Uma guerreira da Guerra Fria”, disse em outro discurso. “Sou esse tipo de coisa? Sim, se é assim que querem interpretar minha defesa dos valores e liberdades fundamentais do nosso modo de vida”.
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Margaret Thatcher em 1980: aclamada em convenção do Partido Conservador
Margaret Thatcher em 1980: aclamada em convenção do Partido Conservador
Dona de casa – Transformar o que muitos podiam ver como ponto fraco em argumentos a seu favor foi algo que Thatcher dominou desde o início de sua vida pública. Numa época em que a maioria das mulheres era destinada apenas a casar, criar uma família e cuidar de uma casa, ela jamais se apresentou como feminista nem rejeitou a ideia de que as mulheres deviam ser donas de casa. Pelo contrário, em toda campanha eleitoral, fazia questão de aparecer fazendo compras no supermercado e gostava de ser fotografada fazendo tarefas domésticas. “Qualquer mulher que entende os problemas de administrar uma casa estará próxima de entender os problemas de administrar um país”, declarou. Para seu biógrafo, Charles Moore, nesse ponto nada podia ser mais equivocado do que a famosa frase de Ronald Reagan – “Ela é o melhor homem da Inglaterra” – porque Thatcher considerava o sexo feminino superior. Não à toa, uma de suas frases mais conhecidas é: “Em política, se você quiser que algo seja dito, peça a um homem. Se quiser algo feito, peça a uma mulher”.

Esse traço de sua personalidade foi plantado por seu pai, Alfred Roberts, dono de duas mercearias na pequena cidade de Grantham, no leste da Inglaterra, onde Margaret Hilda Roberts – nome de batismo – nasceu em 13 de outubro de 1925. “Nunca deixe os outros dizerem o que você deve fazer”, era um dos conselhos paternos resgatados em suas memórias. O pensamento independente está na raiz de suas escolhas profissionais: após terminar o colegial, Thatcher foi estudar na Universidade de Oxford aos 17 anos. Era a primeira da família a entrar para o ensino superior e se formou em química, algo então pouco usual para uma mulher – anos depois, estudaria direito e se tornaria advogada. Com o diploma de cientista, mudou-se para Colchester, a cerca de 80 quilômetros de Londres, e foi trabalhar em uma indústria de plásticos, época em que iniciou sua carreira política ao entrar para a Associação Conservadora da cidade. Após se aproximar de lideranças locais do Partido Conservador e conquistá-las com sua capacidade de debate, candidatou-se a uma vaga no Parlamento, mas foi derrotada em suas duas primeiras tentativas. Suas atividades políticas levaram-na a conhecer o rico empresário Denis Thatcher, de quem adotou o sobrenome após o casamento, em 1951. Dois anos depois da união, ela deu à luz um casal de gêmeos, Carol e Mark, seus únicos filhos. Por 52 anos, viveu com Denis, de quem ficou viúva em 2003.

Troca da guarda – O fim da era Thatcher está diretamente ligado à ascensão da União Europeia, que dividiu o Partido Conservador, e ao desgaste de sua imagem perante a opinião pública britânica após mais de uma década de governo. Ainda assim, ela não perdeu nenhuma eleição antes de deixar a liderança dos conservadores. Preferiu renunciar em 1990, após vencer a disputa pela chefia do partido por uma margem estreita, que obrigava a realização de um segundo turno. Antes mesmo de colocar à prova o favoritismo dos trabalhistas na eleição seguinte, seu discurso separatista da União Europeia a derrubou do governo e ela foi sucedida por John Major. Em seu discurso de renúncia, caiu atirando contra os trabalhistas: "Eles querem uma Europa de subsídios, uma Europa de restrições socialistas, uma Europa de protecionismo".

Por quase dois anos, a Dama de Ferro continuou na Câmara dos Comuns, até ser nomeada para a Câmara dos Lordes com o título de baronesa. Durante algum tempo, continuou criticando os adversários e dando discursos, palestras e entrevistas pelo mundo – numa delas, defendeu suas ideias nas páginas de VEJA. Até que uma série de pequenos derrames e falhas de memória a afastaram da vida pública em 2002, por recomendação médica. Seis anos depois, a filha Carol revelou que a mãe sofria de demência. A doença havia sido diagnosticada em 2000 e se agravou pouco a pouco.

Seu biógrafo Charles Moore relata um encontro revelador entre a líder aposentada e um menino de sete anos – filho de Moore. Sentado em um sofá diante de Thatcher, o garoto pergunta: “Você gostou de ser primeira-ministra?”. Sem se mostrar surpresa, ela responde: “Bem, tivemos a chance de tomar decisões importantes e melhorar a vida do país, então, sim, gostamos muito”. O entrevistador não se dá por satisfeito: “Você fez alguma lei boa?”. Thatcher resume o próprio legado: “Sim, fizemos! Fizemos a Grã-Bretanha mais forte na defesa, reduzimos o poder dos sindicatos e cortamos impostos, de modo que as pessoas pudessem ficar com mais do que ganham. E se as pessoas ficam com uma parcela maior do que ganham, elas ganham mais”.