Ásia
Seul, agora, minimiza chance de teste nuclear de Pyongyang
Ministro revela no Parlamento maior atividade no local de testes anteriores, tem discurso desautorizado e diz depois que não falou o que câmeras gravaram
Imagem de
satélite mostra Centro de Pesquisas Nucleares de Yongbyon, que produziu
material para os testes atômicos da Coreia do Norte - Getty Images
Mais tarde, no entanto, o discurso do ministro da Unificação foi desautorizado por seu colega da Defesa, cujo porta-voz, Kim Min-seok, declarou não haver nada de "incomum" no movimento de carros e pessoas na região dos testes nucleares da Coreia do Norte, e que nenhuma nova explosão atômica é iminente. Após a nova versão, o ministro Ryoo Kihl-jae comunicou à imprensa não se recordar de ter falado em "indicativos" de um novo teste nuclear de Pyongyang – sua declaração, porém, foi gravada por câmeras de TV.
Embora o ministro não tenha dado detalhes sobre o assunto, uma fonte do governo sul-coreano citada pelo jornal Joongang informou que recentes imagens de satélite monitoradas em Seul indicam que o país vizinho está realizando preparativos para seu quarto teste atômico. "Detectamos uma maior atividade de operários e veículos no túnel sul do local de testes de Punggye-ri, onde o regime trabalhou na manutenção das instalações desde seu terceiro teste nuclear em fevereiro. As atividades parecem ser similares às de antes do terceiro teste, portanto estamos vigiando de perto o lugar. Só Pyongyang sabe se vai ser realizado o teste e quando", afirmou a fonte.
O governo da Coreia do Sul já advertiu neste domingo sobre a possibilidade de um próximo teste de mísseis da Coreia do Norte, após detectar a aparente mudança de projéteis de médio alcance do regime comunista. Seul acredita que isso possa ocorrer ainda esta semana, por volta de 10 de abril. Uma data citada por especialistas é 15 de abril, dia do nascimento de Kim Il-sung, fundador do país e avô do atual ditador, Kim Jong-un. Nenhuma previsão, contudo, foi feita sobre o novo teste nuclear.
A possibilidade do lançamento do míssil ainda esta semana foi confirmada pelo principal assessor de segurança nacional da presidente sul-coreana Park Geun-Hye. Apesar da nova provocação, ele descartou a iminência de uma guerra. "Não há sinais de uma guerra em grande escala agora, mas o Norte terá que preparar-se para executar represálias no caso de uma guerra local", disse Kim.
China – Neste domingo, a China lamentou a tensão na península coreana. Aliado de Pyongyang, o governo chinês tem mostrado crescente irritação com as ameaças de guerra nuclear da Coreia do Norte. O presidente chinês, Xi Jinping, discursando num evento na ilha de Hainan, não citou a Coreia do Norte, mas disse que nenhum país "deve ter permissão para jogar uma região e mesmo o mundo inteiro no caos para ganho próprio". A estabilidade na Ásia, disse ele, "enfrenta novos desafios, temas importantes continuam emergindo, e existem ameaças tradicionais e não tradicionais à segurança".
O ministro do Exterior da China, Wang Yi, num comunicado divulgado no sábado sobre uma conversa telefônica com o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, expressou frustração similiar. Neste domingo, o ministro manifestou "séria preocupação" com a tensão na península e disse que a China pediu a Pyongyang para que "assegure a segurança dos diplomatas chineses de acordo com as normas internacionais".
A Alemanha rebateu, neste domingo, a decisão da Coreia do Norte de não proteger os diplomatas em caso de conflito depois do dia 10 de abril. “A Coreia do Norte deve garantir a segurança das embaixadas em seu território sem impor uma data limite, o que seria inaceitável", afirmou o ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle em um comunicado, depois conversar por telefone por com o enviado de Berlim em Pyongyang. Na sexta-feira, o país propôs às embaixadas a evacuação por "não poder garantir a segurança em caso de conflito bélico" .
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"Há regras claras no direito internacional e a Coreia do Norte também deve cumprir. A Coreia do Norte é irresponsável ao aumentar a tensão. Isso constitui uma ameaça real para a paz e a segurança na região", disse o ministro. Westerwelle reiterou que, no momento, a embaixada alemã em Pyongyang continua trabalhando normalmente.
Contexto – A Coreia do Norte persiste em suas ameaças nucleares, apesar do aumento da pressão internacional, um mês depois de o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovar novas sanções. As penalizações da ONU aprovadas no dia 7 de março com o apoio unânime de todos seus membros – incluindo a China, aliada história da Coreia do Norte – em represália ao terceiro teste atômico do regime provocaram não só maiores restrições de índole econômica sobre Pyongyang, mas a afundaram em sua prolongado isolamento.
Desde então, a Coreia do Norte não fez nada além de radicalizar seu discurso e ameaçar iniciar um conflito armado, o que levou a uma perigosa escalada militar na região. A condenação do regime do jovem e imprevisível líder Kim Jong-un à nova resolução sancionadora do Conselho da ONU e sua rejeição ante o início de manobras militares conjuntas de Estados Unidos e Coreia do Sul na região veio acompanhada do anúncio de aumentar sua capacidade nuclear e de iniciar uma "guerra sem quartel".
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