terça-feira, 26 de março de 2013

Reuni: atraso em obras ameaça excelência da Unifesp

Ensino superior    VEJA

Reuni: atraso em obras ameaça excelência da Unifesp

Número de vagas cresceu 520%, mas falta quase tudo nos campi: laboratório, refeitório e sala de aula. Prédio previsto para 2011 só deve ficar de pé em 2015


Local onde ficará o prédio principal do campus de Guarulhos da Unifesp. Obra que deveria ter sido entregue em 2010 está prevista para 2015.
Local onde ficará o prédio principal do campus de Guarulhos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Obra que deveria ter sido entregue em 2010 está prevista apenas para 2015.  - Lecticia Maggi
Criada em 1994, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) se originou da Escola Paulista de Medicina, fundada na década de 1930. Sinônimo de excelência, foi responsável pela formação de alguns dos mais renomados médicos do país. Em 2007, a instituição aderiu ao Reuni, programa do governo federal de expansão universitária, elevando deste então a oferta de vagas em 520% (de 1.512 para 9.400). Aos já existentes campi de São Paulo e da Baixada Santista, se juntaram os de Guarulhos, Diadema e São José dos Campos, em 2007, e de Osasco, em 2011. A universidade deixou de atuar exclusivamente na área da saúde e passou a oferecer graduação em ciências humanas e exatas. Esperava-se que a excelência conquistada pela antiga Escola Paulista, núcleo formador da Unifesp, fosse levada a todas as unidades. Essa marca, contudo, está em risco devido aos problemas de infraestrutura da instituição, que se expandem na velocidade do Reuni.
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A unidade José de Alencar, do campus de Diadema, foi inaugurada há dois meses sem biblioteca nem refeitório para estudantes. Os alunos não podem ter aula à noite por falta de segurança. Outra unidade, chamada Antonio Doll, em vez de espaço próprio, ocupa o segundo andar de um edifício alugado, sem a estrutura necessária à atividade acadêmica: a sala de informática, por exemplo, conta com apenas três computadores.
No campus de Guarulhos, a situação é pior. Ali, são oferecidos cinco cursos a 2.808 estudantes. O prédio principal, que deveria ter sido inaugurado no segundo semestre de 2010, ainda nem saiu do chão, pois sua construção não foi licitada. Com 20.000 metros quadrados, ele abrigaria 44 salas de aula, 22 gabinetes de pesquisa, refeitório e biblioteca. O reitor da Unifesp, Walter Albertoni, culpa a burocracia pelos atrasos – é a mesma alegação do Ministério da Educação, contestada por especialistas em construção e administração pública. "Um projeto demora a ser executado: são três, quatro anos. Há a burocracia de todos os órgãos de controle", diz Albertoni.
A história do prédio parece novela. Segundo a Unifesp, em abril de 2009, foi contratada a Progetto Arquitetura, Engenharia e Construções Ltda, responsável pelo projeto. A empresa, contudo, não entregou o trabalho no prazo estipulado: cinco meses. Multada em 36.350 reais, teve o contrato rescindido. Dois anos depois, após realização de nova licitação, a encarregada da tarefa foi a NBC Arquitetura e Construções Ltda, que entregou os projetos preliminares. A construção, contudo, emperrou de novo, porque os orçamentos oferecidos por construtoras superavam o limite permitido pela instituição. Agora, aguarda-se a realização de nova licitação. Se tudo ocorrer conforme a nova previsão, alunos e professores podem utilizar o prédio principal no final de 2015, cinco anos depois do esperado – e, segundo estimativa, 5,4 milhões de reais mais caro. Segundo a universidade, o encarecimento da obra se deve ao atraso: os valores são reajustados de acordo com o Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi) (confira no quadro abaixo).
Arte Unifesp Guarulhos
Improviso – Sem o prédio principal, os alunos do campus de Guarulhos têm à disposição apenas 24 salas de aula. Como elas não são suficientes, ocupam 14 salas cedidas pela prefeitura da cidade no Centro Educacional Unificado (CEU), localizado ao lado, unidade dedicada ao ensino infantil. "É lamentável que uma universidade federal tenha de dividir espaço com crianças. Enquanto temos aula, elas brincam e gritam pelos corredores", diz Michael Melchiori, estudante do terceiro ano de filosofia.
Fulvio Oriola
Burnett, professor da Unifesp: 'Campus foi inaugurado e abandonado, como se sua mera existência fosse suficiente'
A falta de salas não é o único problema. O refeitório do campus funciona em um precário galpão: à época da visita da reportagem, há um mês, acumulava buracos e mofo nas paredes. O diretor do campus, Marcos Cezar de Freitas, admitiu que os "buracos na estrutura surgem eventualmente, mas são imediatamente reparados". Na biblioteca, cerca de 30.000 livros doados por professores de outras instituições estão encaixotados por falta de espaço.
"Eu estava muito animado para começar a estudar: afinal, a Unifesp é uma universidade renomada. Caí no conto do vigário", diz o estudante de ciências sociais Bruno Atanásio. A indignação não é exclusiva de alunos. O professor de filosofia Henry Burnett é enfático ao descrever o que define como "desprezo": "O campus foi inaugurado e abandonado, como se sua mera existência fosse o suficiente", diz o professor. "É difícil entender por que foram contratados duzentos ou mais docentes com doutorado se ainda não existe um prédio adequado a abrigar suas atividades básicas."
O reitor Albertoni afirma que os problemas de infraestrutura não são decorrentes da falta de verbas. De fato. Até este ano, o Reuni aprovou o repasse total de 130,3 milhões de reais à Unifesp, sendo 102 milhões só para obras, compra de equipamentos e mobiliário. "O governo forneceu as condições financeiras. Nos falta, contudo, velocidade na construção", diz. Ouvido pela reportagem de VEJA sobre o Reuni, o especialista em contas públicas Raul Veloso foi além: "A morosidade do sistema público não é novidade. A legislação é tão burocrática que só uma gestão muito eficiente pode dar conta de cumprir prazos e orçamentos. Infelizmente, não é o que vemos."
O reitor da Unifesp conta que chegou até a cogitar a suspensão temporária do vestibular para a seleção de alunos em Guarulhos. Isso limitaria o número de estudantes na instituição até que as obras fossem concluídas. Não aconteceu, e novos vestibulares foram realizados. "Fui vencido pelo conselho universitário. Agora, o pior já passou." Não é o que mostra o campus universitário.

Avatar a lenda de Aang


Numa era perdida, a humanidade dividiu-se em quatro nações: os Nômades do Ar, as Tribos da Água, a Nação do Fogo e o Reino da Terra. Dentro de cada nação, há uma ordem de homens e mulheres notáveis, chamados de "Dominadores", que são capazes de manipular um dos quatro elementos nativos, fazendo uma "dobra", que combina artes marciais variadas. Para manter o equilíbrio entre estas nações, existe um único dobrador que é capaz de controlar os quatro elementos. Esse dobrador é o "Avatar", um escolhido que manifesta o espírito do mundo em uma forma humana. Quando o Avatar morre, o seu espírito reencarna noutra nação seguindo um ciclo milenar. Começando com o domínio de seu elemento nativo, o Avatar vai aprender como comandar todos os quatro elementos. Ao longo das eras, as incontáveis encarnações do Avatar serviram para manter as quatro nações em harmonia.
Porém, na época em que se passa a história, a Nação do Fogo iniciou uma guerra cujo objetivo é dominar as outras três nações. Somente o avatar poderia impedi-la, "mas quando o mundo mais precisa dele, ele desaparece." Seguindo o ciclo de reencarnação, o próximo Avatar deveria nascer entre os Nômades do Ar. Sabendo disso, a Nação do Fogo atacou os nômades do ar e eles foram dizimados. A partir daquele dia ninguém mais viu um dominador de ar, e acredita-se que todos eles morreram.
Entretanto, cem anos passaram e dois irmãos da Tribo da Água, chamados Katara e Sokka, encontram um garoto que estava preso dentro de um iceberg e logo descobrem que o garoto, que atende pelo nome de Aang, é um dominador de ar, além de ser o Avatar que sumiu há cem anos atrás. No desenvolvimento da série, Katara e Sokka ajudam o jovem Aang a encarar o seu destino e a salvar o mundo, pois o Avatar representa a maior ameaça às conquistas da Nação do Fogo e a maior esperança para que o mundo volte ao equilíbrio normal.

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Institutos federais têm déficit de 8.000 professores

Ensino profissionalizante    VEJA

Institutos federais têm déficit de 8.000 professores

Auditoria do TCU aponta carência de 20% dos profissionais necessários

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília (IFB)
Institutos de Brasília apresentam um dos maiores déficits de professores do país. Na imagem, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília (IFB) (Divulgação)
Os institutos federais de educação técnica têm déficit de quase 8.000 professores - o equivalente a 20% dos profissionais necessários. Esta é conclusão de uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que teve como objetivo avaliar as ações de estruturação e expansão do ensino técnico profissionalizante no país.

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O relatório do órgão indica que a rede vive sua maior expansão histórica, mas sem acompanhamento do quadro docente. Segundo o TCU, a falta de professores atinge todos os 442 campi em funcionamento. Os institutos com maior carência de docentes são os do Acre (com 40,1% de vagas ociosas), seguidos por Brasília, Mato Grosso do Sul e Amapá. Os institutos federais do estado de São Paulo aparecem em quarto, com um déficit de 32,7% de profissionais.

Os institutos federais sofrem ainda com problemas para a contratação de profissionais técnicos, o que se reflete no atendimento diário de laboratórios. Há 5.702 cargos técnicos ociosos no Brasil, o que representa 24,9% do total necessário. Os dados do TCU são de abril de 2012, mas só foram divulgados agora. Para o TCU, a falta de atratividade da carreira é a principal causa para a carência de profisisonais.

A pró-reitora de ensino do Instituto Federal de Roraima, Débora Soares Alexandre Melo Silva, levanta ainda outra dificuldade envolvendo os câmpus localizados no Norte e Nordeste do País. "Nós dependemos da liberação de vagas do governo. Quando temos, os candidatos aprovados voltam para o local de origem assim que conseguem uma redistribuição de vaga", diz. Segundo ela, a qualidade das instituições fica comprometida. "Temos que priorizar o ensino e, por causa disso, fica difícil cumprir as missões de extensão e pesquisa", afirma.

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Meteoro cruza o céu do leste dos Estados Unidos durante a noite

Mundo

Meteoro cruza o céu do leste dos Estados Unidos durante a noite

'Bola de fogo' passou por, pelo menos, 13 estados norte-americanos, Washington D.C. e duas províncias canadenses

Um meteoro luminoso o bastante para ser classificado como uma 'bola de fogo' cruzou o céu sobre o leste da América do Norte, na noite de sexta-feira, transformando-se em um espetáculo presenciado por pelo menos 13 estados norte-americanos, Washington D.C. e duas províncias canadenses, informou a Sociedade Americana de Meteoros.
A entidade contabilizou mais de 300 testemunhas de Ontário e Quebec, no Canadá, até o estado da Carolina do Norte, no sul dos Estados Unidos, e ainda há mais de 100 relatos a serem revisados, disse Mike Hankey, um membro do órgão. "Aconteceu em um bom momento, por volta das 20h de sexta, quando muitas pessoas puderam vê-lo", afirmou Robert Lunsford, coordenador da entidade.


A Sociedade descreve uma bola de fogo como um meteoro mais brilhante do que Vênus - e Lunsford afirmou que elas podem ser até mais luminosas do que o sol, como foi o caso do que cruzou e explodiu sobre a Rússia no dia 15 de fevereiro.
Meteoros são pequenas partículas do sistema solar que queimam por fricção ao entrar na atmosfera terrestre. Milhares de meteoros considerados bolas de fogo ocorrem todos os dias, a maioria deles longe dos olhares humanos, caindo no mar ou passando camuflados pela luz solar, informou a Sociedade em seu website.
A bola de fogo de sexta-feira foi vista em vários pontos da Costa Leste do EUA e até em alguns Estados sem contato com o mar, como Virginia Ocidental e Ohio, disse a entidade. A provável trajetória do objeto mostrou que ele partiu de leste, da Pensilvânia, passando por Nova Jersey e ao sul da cidade de Nova York, dirigindo-se em seguida para o Oceano Atlântico, de acordo com os relatos colhidos. "No começo, pensei que a bola de fogo fosse um avião voando baixo", afirmou uma testemunha de Westchester, no estado de Nova York.
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(Com Reuters)

Reposição de proteína melhora funções cognitivas em ratos com síndrome de Down

Medicina  VEJA

Reposição de proteína melhora funções cognitivas em ratos com síndrome de Down

Estudo que identificou a origem molecular da doença mostrou como a presença de um cromossomo 21 extra pode causar danos cognitivos e de memória

Neurônios de um rato normal (à esquerda) são mais longos e numerosos que os de um rato no qual falta a proteína SNX27 (à direita)
Neurônios de um rato normal (à esquerda) são mais longos e numerosos que os de um rato no qual falta a proteína SNX27 (à direita) ( Instituto de Pesquisa Médica Sanford-Burnham)
Pesquisadores dos Estados Unidos descobriram evidências de como a trissomia do cromossomo 21, encontrada em pacientes com síndrome de Down, altera o desenvolvimento do cérebro desses pacientes. A causa seria uma molécula sintetizada pelo cromossomo 21, capaz de inibir uma proteína relacionada à função cerebral. O estudo, publicado neste domingo no periódico Nature Medicine, mostra que a reposição dessa proteína foi capaz de melhorar a capacidade cognitiva e o comportamento de camundongos com a doença.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Loss of sorting nexin 27 contributes to excitatory synaptic dysfunction by modulating glutamate receptor recycling in Down's syndrome

Onde foi divulgada: periódico Nature Medicine

Quem fez: Xin Wang, Yingjun Zhao, Xiaofei Zhang, Hedieh Badie, Chengbiao Wu, Guojun Bu, William C Mobley, Dongxian Zhang, Fred H Gage, Barbara Ranscht, Yun-wu Zhang, Stuart A Lipton, Wanjin Hong e Huaxi Xu

Instituição: Instituto de Pesquisa Médica Sanford-Burnham, em La Jolla, EUA

Resultado: A presença de um cromossomo 21 extra nos pacientes com síndrome de Down aumenta a quantidade de partículas de microRNA miR-155, o que afeta a produção da proteína SNX27. Sem essa proteína, a quantidade de receptores de glutamato nos neurônios é reduzida, o que provoca danos no aprendizado e memória nos pacientes. Em camundongos com a doença, os danos foram revertidos com a introdução da proteína SNX27 humana em seu cérebro.
A proteína em estudo, chamada sorting nexin 27 (SNX27), é responsável por manter receptores de glutamato (principal neurotransmissor que estimula o cérebro) na superfície dos neurônios, o que contribui para o funcionamento correto dessas células cerebrais.  Os autores da pesquisa observaram que camundongos que produziam uma quantidade menor dessa proteína apresentavam prejuízos de memória e aprendizado.
Pacientes com síndrome de Down também têm níveis mais baixos de SNX27. A razão disso é que o cromossomo 21 — portadores dessa doença possuem três cópias ao invés de duas — produz uma partícula de microRNA (pequeno pedaço de material genético que influencia a produção de outros genes) denominada miR-155. Essa partícula está relacionada à redução dos níveis de SNX27 no organismo.
Leia também: Cientistas revertem déficit cognitivo em camundongos com Síndrome de Down
Ministério da Saúde lança diretrizes para atendimento a pacientes com Síndrome de Down
Isso significa que a presença de um cromossomo 21 extra aumenta a quantidade de miR-155, o que afeta a produção da proteína SNX27. Sem essa proteína, a quantidade de receptores de glutamato nos neurônios é reduzida, o que provoca danos no aprendizado e memória. "Nós acreditamos que a ausência de SNX27 é pelo menos parcialmente culpada pelos problemas cognitivos e de desenvolvimento desses pacientes", afirma Huaxi Xu, principal autor do estudo.
Soluções – Os pesquisadores inseriram a proteína SNX27 humana no cérebro de camundongos com síndrome de Down para verificar se os danos cognitivos poderiam ser revertidos.
"Tudo volta ao normal após o tratamento com SNX27. É incrível: primeiro nós vemos os receptores de glutamato voltarem, então os problemas de memória são reparados nos camundongos com síndrome de Down", disse Xin Wang, integrante da equipe de pesquisadores.
"No entanto, a terapia gênica desse tipo ainda não foi desenvolvida para humanos. Nós estamos estudando pequenas moléculas para encontrar alguma que possa aumentar a produção de SNX27 ou melhorar a função cerebral", afirma.

Aumento das fraudes em pesquisas preocupa cientistas

Investigação VEJA

Aumento das fraudes em pesquisas preocupa cientistas

Nos EUA, o número de trabalhos invalidados aumentou 435% em 10 anos

Cientistas japoneses criaram um fígado humano a partir de células-tronco
Estudos científicos falsos estão na mira dos pesquisadores (Getty Images)
"É uma coisa tão horrorosa e tão incômoda que, por muito tempo, preferimos acreditar que o problema não existia. Mas ele existe, e estamos lidando de frente com ele agora". A afirmação, do biofísico Paulo Sérgio Beirão, reflete bem o momento de enfrentamento vivido entre cientistas e aquele que provavelmente é o maior fantasma de sua comunidade: a prática de fraudes na ciência.
O número de casos relatados de plágio, falsificação e até fabricação (invenção) de resultados em trabalhos científicos vem aumentando significativamente nos últimos anos, deixando no ar a sensação de que uma epidemia de fraudes está se espalhando pelo outrora inabalável universo da integridade científica. Uma das causas seria o maior acesso à internet e a softwares, que facilitam tanto a prática quanto a detecção de fraudes.
As estatísticas mais alarmantes vêm dos Estados Unidos. Segundo dados divulgados em dezembro pelo Escritório de Integridade em Pesquisa (ORI, em inglês) do Departamento de Saúde do governo americano, o número de trabalhos retratados nos últimos dez anos só nas ciências biomédicas aumentou 435% – levando em conta artigos listados na base PubMed, referência bibliográfica internacional para pesquisas nessa área. No ano passado, 375 artigos da base foram retratados, comparado a 271 em 2011 e a 70, em 2003.
Criado há 20 anos, o ORI é encarregado de investigar denúncias de fraudes cometidas por cientistas que recebem recursos dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA. O escritório recebe uma média de 198 denúncias por ano, das quais 36% resultam em condenação. Em 2011, segundo o relatório anual mais recente, foram recebidas 240 denúncias, e dentre as 29 investigações concluídas, 13 (44%) resultaram em um veredicto de culpa.
Números da Web of Science, a biblioteca digital que cataloga artigos das melhores revistas científicas do mundo, contam uma história semelhante, com um aumento significativo no número de retratações ao longo da última década. Só nos últimos dois anos, cerca de 800 trabalhos relacionados na base foram retratados, segundo estimativas divulgadas pelo site Retraction Watch, que publica diariamente notificações sobre pesquisas retratadas no mundo todo.
Trabalhos retratados são removidos da literatura e deixam de ter validade científica. A retratação não significa que tenha havido má fé por parte dos autores, mas é frequentemente relacionada a casos de má conduta.
Os sintomas dessa "epidemia" ainda são amenos no Brasil, mas as agências reguladoras e de financiamento estão atentas ao problema e já se preparam para um agravamento no quadro local de denúncias.
Beirão está na linha de frente desse movimento. Ele é o presidente da Comissão de Integridade na Atividade Científica (Ciac) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), criada há um ano para lidar especificamente com esse assunto. Cabe à Ciac estabelecer regras de boas práticas e de conduta ética na atividade científica, assim como analisar denúncias de possíveis violações dessas regras, quando elas envolvem pesquisadores ou projetos financiados pelo CNPq.
"O número de denúncias não é muito grande, mas já aumentou desde a criação da comissão", relata Beirão, que também é professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e diretor de Ciências Agrárias, Biológicas e da Saúde do CNPq. "Toda denúncia que chega é investigada, além de casos que nós detectamos por conta própria".
(Com Estadão Conteúdo)

FILME 2013


Presa quadrilha que oferecia aborto pela internet

Investigação

Presa quadrilha que oferecia aborto pela internet

Prisões ocorreram em São Paulo e Minas Gerais. Acusados praticaram ao menos 70 abortos em Belo Horizonte em 2012, com preço de até 6.000 reais

Feto e cordão umbilical
Aborto: Quadrilha acusada de agendar aborto pela internet em MG e SP é presa (Blog Mayana Zatz)
Quatro dias depois de o Conselho Federal de Medicina (CFM) se posicionar oficialmente a favor do aborto até o terceiro mês de gestação, uma operação deflagrada pelo Ministério Público Estadual (MPE) de Minas Gerais resultou na prisão de 24 pessoas acusadas de montar um esquema para agenciamento do procedimento pela internet. As prisões ocorreram em Belo Horizonte, Diadema, São José do Rio Preto e São Paulo.
Segundo o MPE, já foi comprovado que a quadrilha executou ao menos 70 abortos na capital mineira desde março do ano passado, com preços que variaram entre 3.000 e 6.000 reais. O grupo contava com a proteção de policiais civis, que ainda estão sendo investigados.
A maior parte das prisões, 18 das 24, ocorreu nas cidades do estado de São Paulo. Em Minas Gerais, foram presos dois médicos, três agenciados e um fornecedor de medicamentos abortivos. O MPE não revelou a identidade dos acusados, mas confirmou que alguns dos presos são profissionais que atuavam em uma clínica instalada em uma das áreas mais valorizadas de Belo Horizonte.
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Investigação — As investigações da Operação Vida tiveram início em março do ano passado e revelaram que a quadrilha agenciava gestantes interessadas em interromper a gravidez por meio de sites. Os grupos mineiro e paulista atuavam em conjunto, recomendando "clientes" um para o outro. Os abortos eram feitos por meio de quatro métodos, dependendo do tempo de gestação: indução, curetagem, sucção ou com o uso de medicamentos abortivos, como o Cytotec, cujo comércio é proibido no Brasil. "Diante da constatação de que o núcleo da quadrilha atuava no interior de São Paulo, as provas foram encaminhadas ao Ministério Público daquele estado", informou o MPE mineiro.
De acordo com o órgão, o Ministério Público recebeu representação formal sobre a quadrilha em março, informando sobre sites nos quais havia números de telefones dos agenciados do esquema. Com autorização judicial, a Promotoria de Combate aos Crimes Cibernéticos fez interceptações telefônicas e conseguiu identificar 26 suspeitos de integrar o grupo, entre médicos, agenciados, funcionários públicos e policiais. O Ministério Público informou também que o funcionamento dos sites já havia sido denunciado pela imprensa em Belo Horizonte e ainda será investigada a possível omissão da Polícia Civil mineira diante do caso.
Lei — A legislação brasileira permite o aborto apenas em caso de risco de morte para a mãe ou, com o consentimento da mãe ou de seu responsável legal, quando a gestação é resultado de violência sexual. Segundo o MPE, os acusados presos ontem devem responder por aborto ilegal com o consentimento da gestante, formação de quadrilha e distribuição de medicamentos proscritos. Somadas, as penas podem ultrapassar dez anos de prisão.
(Com Estadão Conteúdo)