Rio de JaneiroVEJA
Programa de índio no Rio: assistir ao tumulto pela TV do hotel
Tumulto em torno do antigo Museu do Índio começou quando os indígenas já estavam fora do prédio. PM informa que invadiu o local para evitar incêndio
Indígenas discutem com policiais durante a desocupação da aldeia Maracanã, no RJ - Vanderlei Almeida/AFP
Da TV do hotel, o que se via, na transmissão ao vivo da GloboNews, era a entrada do Batalhão de Choque no prédio em ruínas, com uma enfurecia etnia identificada pela calça jeans, os rostos cobertos com camisa e mochilas. O defensor público Daniel Macedo disse à emissora que a entrada da Polícia Militar foi abusiva, pois os índios já haviam concordado em deixar o local.
A versão da PM é outra. Pouco antes do meio-dia, depois da saída de 12 índios – a maioria idosos, mulheres e crianças – aguardava-se a desocupação pelo restante do grupo, num total de cerca de 25 indígenas que estão no local desde 2006. Começou, então, o incêndio em uma oca. Temendo que a situação saísse do controle, foi dada a ordem para a entrada. Formou-se em seguida um cordão de isolamento para retirada dos demais índios.
Com os índios todos fora do local, os manifestantes começaram a fechar as pistas da Radial Oeste. Tumulto formado – com direito a uma representante do Femen, que foi detida depois de tirar a camisa –, o que se viu foi o de sempre: gás lacrimogênio, corre-corre, objetos lançados na pista e os escudos do Batalhão de Choque.
O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), da Comissão de Direitos Humanos, informou que os índios aceitaram a proposta do governo do Estado de serem levados para um terreno em Jacarepaguá, na Zona Oeste da cidade. Pouco depois das 11h representantes do grupo redigiram um documento concordando com a proposta oficial e passaram, então, a aguardar a assinatura de um representante do governo do estado para deixar o prédio.
Por que cargas d’água, então, eclodiu o tumulto? A explicação dificilmente escapa do seguinte: as razões e os interesses de quem cercava o ‘museu’ e defendia o que passou a ser chamado de ‘aldeia Maracanã’ não tem qualquer conexão com os interesses dos índios de fato. Como mostrou reportagem do site de VEJA, o interesse de ‘índios’ pelo prédio que desde 1978 não funciona mais como museu começou quando o governo do estado decidiu que usaria a área para o complexo do Maracanã.
Na tarde desta sexta-feira, os 25 índios que estavam dentro do prédio em ruinas vão optar pelos seguinte: receber moradia em áreas na Zona Oeste da cidade; receber o benefício de 500 reais do aluguel social – idêntico ao das vítimas da chuva na Região Serrana – ou obter auxílio para retornar a suas aldeias de origem.
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