Dólar supera R$ 2 pela primeira vez desde janeiro VEJA
Apesar da alta, o Banco Central não interveio na cotação da moeda americana por meio da venda de dólares no mercado futuro
Analistas acreditam que BC possa intervir nesta sexta-feira no câmbio
(Ueslei Marcelino/Reuters)
O fechamento do dólar à vista representa uma distorção diante do desempenho da divisa dos Estados Unidos ante outras moedas correlacionadas a commodities, ressaltou um operador de tesouraria de um banco. Mesmo assim, o Banco Central não interveio com leilão de swap cambial, que tem efeito de venda de dólares no mercado futuro e pode impedir a alta da moeda. O dólar ganhou fôlego adicional após declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ao ser questionado sobre a moeda norte-americana ter ultrapassado 2 reais no mercado futuro, ele reiterou: "o dólar é flutuante".
Para o economista Sidnei Nehme, da NGO Corretora, o BC ficou quieto, só observando, porque, se ofertasse swap cambial, reconheceria que a pressão de alta é derivada de falta de liquidez, decorrente do fluxo cambial interno desfavorável neste ano. "Acredito que, se o dólar à vista abrir amanhã acima de 2 reais, o BC intervirá logo no começo da sessão", disse.
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O economista atribuiu a valorização da moeda ao quadro de fluxo negativo neste ano. "Com o persistente déficit do fluxo cambial em março, os bancos não estariam mais dispostos a aumentar as posições vendidas em dólar, porque começa a ficar mais presente a incerteza se terão dólares à frente para cobrir suas posições." Com o salto da moeda norte-americana, no entanto, apareceram exportadores na venda à vista e as cotações desaceleraram.
Para um profissional de tesouraria, a autoridade monetária pode ter apenas monitorado o ajuste do dólar, sem agir, porque teria visualizado um fluxo cambial mais forte nas duas pontas. Isso deve ter ocorrido, afirmou a fonte, uma vez que o volume financeiro à vista também aumentou nesta sessão em relação aos dias anteriores.
Os profissionais avaliam que, se o BC não pretende manter o câmbio abaixo de 2 reais, a pressão sobre a inflação pode aumentar, o que obrigaria a autoridade monetária a subir a Selic, taxa básica de juros. O momento para isso, no entanto, ainda é motivo de discussões no mercado de renda fixa. A lógica é que, caso o BC não eleve a Selic no curto prazo, o aperto monetário possa ser maior no futuro.
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(com Estadão Conteúdo)
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