sexta-feira, 22 de março de 2013

Dólar supera R$ 2 pela primeira vez desde janeiro

Dólar supera R$ 2 pela primeira vez desde janeiro                   VEJA

Apesar da alta, o Banco Central não interveio na cotação da moeda americana por meio da venda de dólares no mercado futuro

Alexandre Tombini, presidente do Banco Central
Analistas acreditam que BC possa intervir nesta sexta-feira no câmbio (Ueslei Marcelino/Reuters)
O mercado de câmbio encerrou a quinta-feira com o dólar acima de 2 reais pela primeira vez em quase dois meses. A moeda norte-americana fechou a 2,0070 reais no balcão, com alta de 0,75% - e o maior valor desde 24 de janeiro, quando finalizou a 2,0310 reais. Em 25 de janeiro, o dólar encerrou a 2,030 reais, mas não vale em termos de comparação porque a liquidez foi restrita nesse dia devido ao feriado em São Paulo. No mercado futuro, às 16h41, o dólar para abril de 2013 testava a máxima durante os negócios, a 2,0135 reais (+1,03%).
O fechamento do dólar à vista representa uma distorção diante do desempenho da divisa dos Estados Unidos ante outras moedas correlacionadas a commodities, ressaltou um operador de tesouraria de um banco. Mesmo assim, o Banco Central não interveio com leilão de swap cambial, que tem efeito de venda de dólares no mercado futuro e pode impedir a alta da moeda. O dólar ganhou fôlego adicional após declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ao ser questionado sobre a moeda norte-americana ter ultrapassado 2 reais no mercado futuro, ele reiterou: "o dólar é flutuante".
Para o economista Sidnei Nehme, da NGO Corretora, o BC ficou quieto, só observando, porque, se ofertasse swap cambial, reconheceria que a pressão de alta é derivada de falta de liquidez, decorrente do fluxo cambial interno desfavorável neste ano. "Acredito que, se o dólar à vista abrir amanhã acima de 2 reais, o BC intervirá logo no começo da sessão", disse.
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O economista atribuiu a valorização da moeda ao quadro de fluxo negativo neste ano. "Com o persistente déficit do fluxo cambial em março, os bancos não estariam mais dispostos a aumentar as posições vendidas em dólar, porque começa a ficar mais presente a incerteza se terão dólares à frente para cobrir suas posições." Com o salto da moeda norte-americana, no entanto, apareceram exportadores na venda à vista e as cotações desaceleraram.
Para um profissional de tesouraria, a autoridade monetária pode ter apenas monitorado o ajuste do dólar, sem agir, porque teria visualizado um fluxo cambial mais forte nas duas pontas. Isso deve ter ocorrido, afirmou a fonte, uma vez que o volume financeiro à vista também aumentou nesta sessão em relação aos dias anteriores.
Os profissionais avaliam que, se o BC não pretende manter o câmbio abaixo de 2 reais, a pressão sobre a inflação pode aumentar, o que obrigaria a autoridade monetária a subir a Selic, taxa básica de juros. O momento para isso, no entanto, ainda é motivo de discussões no mercado de renda fixa. A lógica é que, caso o BC não eleve a Selic no curto prazo, o aperto monetário possa ser maior no futuro.
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(com Estadão Conteúdo)

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