sábado, 30 de março de 2013

Papa Francisco preside sua primeira Sexta-Feira Santa

Igreja   VEJA

Papa Francisco preside sua primeira Sexta-Feira Santa

As celebrações de Páscoa neste ano devem contar com uma presença de fiéis maior do que a habitual - devido à curiosidade despertada pelo novo pontífice

Papa Francisco preside missa papal para a celebração da Paixão do Senhor no interior da Basílica de São Pedro, no Vaticano
Papa Francisco preside missa papal para a celebração da Paixão do Senhor no interior da Basílica de São Pedro, no Vaticano - Filippe Monteforte/AFP
O papa Francisco preside sua primeira Sexta-Feira Santa como sumo pontífice da Igreja católica, a começar pela recitação da Paixão de Cristo - as últimas horas da vida de Jesus - na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Mais tarde, ele realizará a Via Sacra no Coliseu romano, simbolizando Jesus ao carregar uma cruz de madeira antes de sua crucificação. As celebrações de Páscoa deste ano devem contar com uma presença de fiéis maior do que a habitual, devido à curiosidade despertada pelo novo sumo pontífice.
Acredita-se que a mensagem de Francisco se centrará na defesa da vida, ameaçada por guerras, intolerância, opressão e também, segundo a Igreja, por leis que não defendem o direito dos cristãos - a favor do aborto e da eutanásia, por exemplo. No fim do ano passado, Bento XVI destacou os dramas vividos no Oriente Médio, como a guerra na Síria, as disputas entre muçulmanos e cristãos, o crescimento do Islã radical e a fuga de muitos cristãos da região diante da perseguição que sofrem, especialmente no Egito.


Telefonema - O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, informou que o papa Francisco e o papa emérito Bento XVI tiveram após a Missa Crismal da Quinta-Feira Santa, na basílica de São Pedro, uma "longa e intensa" conversa por telefone. Segundo Lombardia, a conversa - a terceira dos dois por telefone - mostra a “união” entre o atual pontífice e seu antecessor.

Francisco e Bento XVI, de 85 anos, se reuniram no último dia 23 em Castel Gandolfo, onde vive o papa emérito, conversaram a sós durante 45 minutos e almoçaram juntos. Essa foi a única vez que eles se encontraram pessoalmente desde que o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, de 76 anos, foi eleito papa, no último dia 13.

O atual papa também ligou para Bento XVI logo após ser eleito sumo pontífice pelos cardeais no conclave e também no último dia 19, na festa de São José, que inaugurou oficialmente seu papado. Bento XVI, cujo nome de batismo é José (Joseph Ratzinger), está em Castel Gandolfo à espera do fim das obras de preparação do mosteiro onde viverá daqui para frente.


Terra Santa - A procissão da Sexta-Feira Santa pela Via Dolorosa de Jerusalém foi palco de um momento de tensão entre cristãos palestinos e policiais israelenses, com direito a troca de socos e empurrões a poucos metros do Santo Sepulcro. O confronto ocorreu perto da entrada principal da basílica, na região da Nona Estação, onde Jesus caiu com a cruz pela terceira vez.

Um grupo de palestinos ligado ao Patriarcado Latino de Jerusalém e que participava dos atos de procissão aguardava sua vez de entrar no santuário diante de dez policiais israelenses que formavam um cordão que regulava a entrada de peregrinos. Após muitos minutos de espera, os ânimos se exaltaram entre os fiéis, muitos deles jovens, que começaram distúrbios.

A procissão desta sexta é considerada a mais importante da semana pascal na Terra Santa. Ao longo do dia há outros ritos que marcam a Sexta-Feira Santa como a abertura do Santo Sepulcro, quando o patriarca latino oficia uma missa em lembrança da Paixão de Cristo, ou uma procissão funeral liderada pelo custódio no fim da tarde.


Missão - Na quinta-feira, o sumo pontífice rezou a Missa Crismal diante de 1.600 religiosos, para os quais ressaltou a missão dos sacerdotes em favor dos pobres e excluídos e disse que os padres não podem se acomodar com a posição de “gestores” da Igreja. A missa deu início aos quatro dias de celebrações da Páscoa. Suas palavras se encaixam em seu posicionamento de tornar a Igreja mais humilde adotado no início de seu papado.

Francisco também fugiu da tradição quando realizou a cerimônia do lava-pés. A repetição do gesto de lavar e beijar os pés dos apóstolos por Jesus na véspera de sua morte costumava ser sempre feita em uma das basílicas de Roma. O novo pontífice, no entanto, resolveu realizá-la no centro de detenção Casal del Marmo, próximo à capital italiana. Além disso, incluiu duas meninas entre os 12 menores infratores participantes da cerimônia, uma delas muçulmana.

Primeiro jesuíta que chega ao trono de Pedro, Francisco ainda deixou claro que deseja realizar algumas mudanças na estrutura da instituição milenar, cuja imagem foi manchada nos últimos anos por lutas internas de poder, abusos sexuais de menores por sacerdotes ou pela atividade econômica nebulosa do banco do Vaticano. No entanto, os analistas preveem que não será fácil alcançar seus objetivos, devido à resistência dos que preferem manter o status quo.


(Com agências France-Presse e EFE)

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