sábado, 30 de março de 2013

Ataque sofrido pela web foi robusto, mas localizado

Internet

Ataque sofrido pela web foi robusto, mas localizado

Apesar de ter utilizado um tráfego gigantesco, com picos de 300 gigabytes por segundo, o episódio afetou apenas alguns países. O Brasil escapou

Rafael Sbarai
Hacker em um teclado luminoso
(Thinkstock)
Um conflito digital entre o grupo inglês Spamhaus, organização sem fins lucrativos que combate o spam na internet, e a companhia holandesa Cyberbunker, especializada na hospedagem de serviços on-line, estremeceu o mundo digital nas últimas semanas. De acordo com informações publicadas na rede britânica BBC desta quarta-feira, um conflito entre as partes provocou uma operação na rede conhecida como ataque de negação de serviço (DDoS) – conhecida por causar o engarrafamento de dados na rede – provocando lentidão no acesso à internet por milhões de usuários ao redor do planeta. A história, contudo, não teve esse desfecho. A operação em destaque foi vigorosa - a maior já registrada na história da rede -, mas restrita a alguns países. Brasileiros conectados, por exemplo, não foram afetados.


Segundo informações da rede britânica, a organização Spamhaus sofreu uma série de ataques crackers entre os dias 18 e 26 de março depois de adicionar os serviços da Cyberbunker a uma lista de bloqueio de spam, alegando que a companhia holandesa e seus clientes eram uma fonte de mensagens indesejadas e infectadas por vírus. Assim, os usuários não conseguiriam mais acessar sites hospedados no serviço.

A Cyberbunker, por sua vez, emitiu um comunicado oficial acusando a organização de abuso de poder por decidir quais dados poderiam ou não trafegar pela internet. Horas depois, foi iniciado um ataque para derrubar o Spamhaus ação que, segundo o grupo inglês, foi coordenada pelo o próprio Cyberbunker, com a ajuda de crackers. O objetivo era liberar serviços on-line indesejados que usem a internet para distribuir vírus aos usuários de internet.

De acordo com relatório divulgado pela CloudFare, empresa de proteção contra esses ataques – e contratada nos últimos dias pela própria Spamhouse para proteger as operações on-line da companhia –, o ataque apresentou um volume médio de tráfego de 75 gibabits por segundo (Gpbs) e atingiu um pico de 300 Gbps por segundo – em média esses ataques chegam a 50 Gbps por segundo. “Publicamente, é algo sem precedentes na história da internet”, explica Fabio Assolini, analista sênior de malware da Kaspersky Brasil, empresa que atua no desenvolvimento de soluções de segurança e de administração contra ameaças. “O volume corresponde a mais de 300.000 vezes uma conexão de 10 mbps, comum em residências e empresas”, garante.

Apesar da escala grandiosa do ataque, o problema não foi global – e não fez a internet parar. Segundo o CloudFare, apenas uma das mais de dez empresas que fazem parte do Tier 1 – companhias que mantém de fato a internet em funcionamento, como Telefonica, AT&T e Verizon – sofreram problemas de rede. “Esse fato já nos mostra que o problema foi localizado e não global”, explica Assolini. Relatório de monitoramento divulgado nesta semana pela Akamai, empresa americana que presta serviços de infraestrutura web, mostra que Reino Unido, Holanda, Alemanha e Estados Unidos foram os países mais afetados.

Aos usuários – maiores prejudicados nesses conflitos virtuais – há recomendações. “Eles devem se certificar a atualização dos sistemas operacionais de computadores e apresentar um serviço de antivírus para que a máquina não seja usada para esses ataques”, explica Satnam Narang, pesquisador da comunidade de segurança da Norton. "Além disso, evite clicar em links de e-mail com fontes desconhecidas", finaliza.

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