Preço cai no atacado mas ainda sobe no varejo
Economistas dizem que a redução não é repassada ao consumidor por causa do frete mais caro e da demanda, que é alta
Pressões
de custos e aumento de renda no bolso do brasileiro estão adiando o
repasse da queda de preços dos alimentos no atacado para o consumidor.
Os preços caem no atacado mas ainda não chegam ao varejo.“Já era hora de
essa queda ter aparecido no IPCA”, afirma o economista da LCA, Fabio
Romão. “Os alimentos têm subido acima do padrão sazonal”, observa o
economista do Itaú Unibanco, Elson Teles. Para Teles, a área plantada de
algumas lavouras tem diminuído, o que reduz a oferta. Além disso,
pressões de custos estão mantendo os preços dos alimentos num nível mais
elevado por mais tempo.Romão, da LCA, aponta quatro fatores como
responsáveis pelo atraso no repasse da queda de preços do atacado para o
varejo. O primeiro é a sequência de três reajustes do óleo diesel desde
o ano passado, que encareceram o frete. O segundo fator de pressão de
custos, também ligado ao frete, seria a nova lei do caminhoneiro. Pelas
restrições nas horas de trabalho, a nova lei impôs um gasto maior com
contratação de mais motoristas. O terceiro fator é a desvalorização
cambial, ocorrida do primeiro para o segundo semestre de 2012. Ela
provocou aumento dos preços em reais dos produtos agropecuários cotados
em dólar.Finalmente, o economista destaca a pressão da demanda,
decorrente do aumento da renda. “Desde outubro do ano passado, o ritmo
anualizado de crescimento da renda, descontada a inflação, é de 4%. Isso
chancela preços em alta”, afirma Romão. Ele destaca que não se recorda,
nos último tempos, de período de repasse tão lento da queda de preços
dos alimentos do atacado para o varejo como ocorre hoje.Para Fabio
Silveira, sócio da RC Consultores, esse movimento de queda de preços no
atacado não foi inteiramente captado pelos índices de inflação ao
consumidor, porque não houve tempo hábil. “Estamos em pleno processo de
geração de índices deflacionários”, observa.
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