segunda-feira, 25 de março de 2013

PIB do Chipre pode cair até 10% em 2013 após resgate, prevê consultoria

Atualizado: 25/03/2013 09:49 | Por Fernando Nakagawa, correspondente da Agência Estado, estadao.com.br

PIB do Chipre pode cair até 10% em 2013 após resgate, prevê consultoria

Segundo a consultoria Open Europe, com o aumento da dívida do país, é possível que a ilha passe a ser uma economia 'zumbi' pela dependência do dinheiro de Bruxelas e Frankfurt




LONDRES - O resgate internacional anunciado há algumas horas para a pequena ilha do Chipre gera alívio no mercado financeiro, mas o impacto sobre a economia real será grave. O alerta é do analista da consultoria Open Europe, Raoul Ruparel. Para ele, o Produto Interno Bruto (PIB) cipriota pode registrar contração de até 10% em 2013 e, com o aumento da dívida do país, é possível que a ilha do Mar Mediterrâneo passe a ser uma economia "zumbi" pela dependência do dinheiro de Bruxelas e Frankfurt.
Também aliviado pelo resgate finalmente ter sido anunciado, Ruparel diz que o pacote de ajuda internacional custará muito à população do pequeno país. "O PIB cipriota vai cair com os prováveis controles de capital que virão e impedirão o normal funcionamento da economia", diz. "O colapso do PIB pode ficar em algum lugar entre 5% e 10% este ano, a depender de quanto tempo serão usados os controles de capital", afirma.
Na esteira da queda do PIB, o economista observa que as contas públicas do Chipre caminharão para um nível perigoso. "Um dos principais objetivos de toda essa negociação foi de tentar tornar a dívida cipriota sustentável. Mas não acreditamos que isso será alcançado especialmente pelo provável colapso do PIB. Sozinho, o empréstimo de 10 bilhões de euros vai levar a dívida do país para 140% do PIB. Se o PIB cair apenas 5% este ano, o número aumenta para 148%", diz.
"Existe uma forte chance de o Chipre virar uma economia zumbi, que depende do dinheiro da zona do euro e do financiamento do BCE para funcionar e possivelmente exigirá resgates posteriores", afirma.
"O padrão de vida e a economia do Chipre podem entrar em colapso. A posição do país como um centro financeiro pode acabar e há poucas alternativas para o crescimento da economia da ilha", diz o economista. "Uma opção que resta é o turismo", cita, ao comentar que nem essa opção parece muito positiva. "Com uma moeda sobrevalorizada significativamente (o euro), não está claro até que ponto o Chipre pode tirar proveito disso", diz.
Alemanha
Ruparel também chama atenção para a mudança de estratégia da Alemanha nas negociações. Para o analista da consultoria Open Europe, o governo de Angela Merkel "deixou claro que não está mais disposto a pagar a conta de resgates externos sem que o país beneficiado faça uma parte do esforço e adote medidas radicais". Além disso, o ultimato dado pelo Banco Central Europeu ao Chipre - cuja oferta de liquidez acabaria hoje - mostra "o BCE como um ator cada vez mais político".
"Isso tudo combinado com o sentimento de injustiça percebido por todos os lados deve consolidar o impasse Norte-Sul da zona do euro, o que deve tornar futuras negociações ainda mais complicadas", lamenta o economista.

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