quinta-feira, 28 de março de 2013

Infográfico explica por que o Chipre entrou em crise

Crise do euro

Infográfico explica por que o Chipre entrou em crise

País enfrenta turbulências financeiras e precisou aceitar um austero plano de confisco de depósitos para conseguir crédito internacional; bancos reabrem as portas nesta quinta-feira


Os bancos do Chipre voltarão a funcionar nesta quinta-feira, mas sob severas restrições para evitar uma corrida desesperada por quem está preocupado com o destino de suas poupanças. O país aceitou um doloroso plano de resgate com credores internacionais na última segunda-feira.
Os bancos estão fechados desde o dia 16 de março - apenas parte dos caixas eletrônicos estão em funcionamento. De acordo com o ministro das finanças cipriota, Michael Sarris, algumas medidas foram tomadas para evitar pânico. "Acho que as medidas estarão dentro dos limites da razão", disse. "Vamos procurar a melhor forma de limitar a possibilidade de que grandes quantias sejam retiradas das agências, mas sem impor condições punitivas à economia, às empresas e aos indivíduos."
Detalhes - Em comunicado, o Banco Central do Chipre detalhou que estão proibidas as retiradas de mais de 300 euros por dia por conta e a cobrança de cheques. Embora não haja limitações ao uso de cartões de crédito dentro do país, no exterior estarão proibidos os pagamentos superiores a 5 mil euros mensais. Além disso, não será permitido sacar mais de 3 mil euros do país, seja mediante transferência bancária ou fisicamente.
As restrições, que serão aplicadas a todas as contas, terão duração de quatro dias e serão revisadas no final desse período, informou Yangos Dimitriu, gerente do Banco Central, que acrescentou que as medidas estão pendentes da aprovação legal definitiva. Dimitriu pediu calma à população e afirmou que não há necessidade alguma que todos corram aos bancos.
Leia mais: Insatisfeito com reestruturação, presidente do Banco do Chipre renuncia
Contexto - O acordo feito com os credores internacionais - Fundo Monetário Internacional (FMI), Comissão Europeia (CE) e Banco Central Europeu (BCE) - na segunda-feira de madrugada é visto como positivo por líderes europeus, que acreditam ser possível evitar a falência do país e sua consequente saída da zona do euro.
Apesar de ser menos agressivo do que a primeira proposta de acordo, rejeitada pelo Parlamento cipriota, que taxava todos os depósitos do país, atingindo também os mais pobres, o plano não agrada a população porque confisca parte de todas as poupanças acima de 100 mil euros, implicando em menos dinheiro disponível para consumo e, consequentemente, coloca em risco o crescimento econômico do país. Assim, os credores garantiram que dariam a ajuda de 10 bilhões de euros prometida para sanar o sistema financeiro local.
Nesta semana milhares de cipriotas saíram às ruas de Nicósia, capital do Chipre, para protestar contra o acordo, temendo que as medidas agravem a crise econômica e o desemprego. A Rússia também não tem gostado nada do plano, uma vez que estima-se que seus cidadãos tenham aproximadamente 20 bilhões de euros em depósitos no país.
Além disso, o acordo selado em Bruxelas prevê o fechamento do Laiki Bank (segunda maior instituição financeira do país) e sua divisão em um banco bom e um ruim. A parte saudável do banco, formada por todos os depósitos garantidos pelo acordo com os credores, ou seja, inferiores aos 100 mil euros, passará a fazer parte do Bank of Cyprus, a maior instituição financeira do Chipre e que será reestruturada.
Protestos - Na terça-feira, cerca de 3 mil estudantes protestaram no Parlamento, na primeira grande demonstração de insatisfação popular desde a aprovação do pacote, na madrugada de segunda-feira. O acordo praticamente ignorou o Parlamento cipriota, e a oposição disse que seus termos deveriam ser levados a referendo.
Em frente ao Banco Central, cerca de 200 funcionários da principal instituição bancária comercial do país, o Banco do Chipre, exigiam a renúncia do presidente do BC, Panicos Demetriades. "Desgraça" e "Tirem as mãos do Chipre", gritavam eles.
(com agência Reuters e EFE)

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