quarta-feira, 27 de março de 2013

Estudo mostra que indicadores utilizados em políticas de preservação da Amazônia são pouco eficazes

Meio ambiente

Estudo mostra que indicadores utilizados em políticas de preservação da Amazônia são pouco eficazes

Cientistas não encontram relação entre o estado real de conservação e a previsão fornecida por ferramenta criada para assessorar investimentos

Floresta amazônica
Floresta amazônica: autores do estudo afirmam que governo brasileiro deve resolver problemas de posse de terras da Amazônia para aumentar chances de preservação da região (Odair Leal/Folhapress)
Pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, e do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), no Brasil, estão questionando os indicadores utilizados atualmente para nortear a política de investimentos em áreas de preservação da Amazônia. Em um estudo publicado no periódico Environmental Research Letters, os autores mostram que não há uma associação significativa entre o estado de conservação de áreas e a previsão fornecida pela ferramenta Rapid Assessment and Prioritisation of Protected Area Management (Rappam).
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Setting priorities to avoid deforestation in Amazon protected areas: are we choosing the right indicators?

Onde foi divulgada: periódico Environmental Research Letters

Quem fez: Christoph Nolte, Arun Agrawal e Paulo Barreto

Instituição: Universidade Michigan e Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon)

Dados de amostragem: 66 áreas de preservação na Amazônia brasileira, comparadas com trechos de florestas com características semelhantes, mas fora de áreas de conservação

Resultado: Não foram encontradas associações estatisticamente significativas entre o desflorestamento e os indicadores que, de acordo com o Rappam, tornam uma região alvo prioritário de investimentos de conservação. O único indicador do Rappam que foi fortemente relacionado à capacidade de evitar a devastação ambiental foi a ausência de conflitos pela posse da terra
Atualmente presente em mais de 50 países, o Rappam foi desenvolvido pelo World Wide Fund for Nature (WWF) que tem como objetivo ajudar a priorizar intervenções para melhorar o gerenciamento de áreas de preservação.  Ele funciona por meio de questionários enviados aos gestores das áreas preservadas, que devem avaliar 90 quesitos.
“Existem duas explicações possíveis para nossos resultados: ou o Rappam não mede corretamente os fatores ou o está medindo fatores que não são importantes para o sucesso da preservação das áreas”, explica Christoph Nolte, um dos autores do estudo.
Os pesquisadores analisaram 66 áreas de preservação na Amazônia brasileira e as compararam com uma parcela de floresta semelhante, fora da área de preservação. Utilizando imagens de satélites, eles calcularam os níveis de devastação em cada uma dessas áreas e, assim, estimaram a quantidade de devastação que cada uma teria sofrido se não fosse protegida.
Diante disso, os autores verificaram se as pontuações fornecidas pela ferramenta estavam relacionadas ao sucesso em evitar a devastação apresentado pelas diferentes regiões. Os resultados, porém, mostraram que não foram encontradas associações estatisticamente significativas entre o desflorestamento evitado e os indicadores que, de acordo com o Rappam, tornam uma região alvo prioritário de investimentos de conservação, como orçamento, equipe e ferramentas.

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