Mensalão
O que Valério contou ao MP, e o que ainda resta contar
Reportagem de VEJA desta semana mostra que o operador financeiro do mensalão já começou a falar o que sabe ao Ministério Público. Ele tratou do caso Celso Daniel e avisou que há mais o que contar
Valério contou ao MP detalhes envolvendo o assassinato de Celso Daniel
(CRISTIANO MARIZ)
O relato do publicitário é de que Lula e seu braço-direito Gilberto Carvalho (atual secretário-geral da Presidência) estavam sendo extorquidos por figuras ligadas ao crime de Santo André – em especial, o empresário Ronan Maria Pinto, apontado pelo Ministério Público como integrante de um esquema de cobrança de propina na prefeitura. Procurado pelos petistas para dar aos achacadores o dinheiro que eles buscavam, Valério recusou: "Nisso aí, eu não me meto", disse ele em um encontro com Sílvio Pereira, então secretário-geral do PT, e Ronan. Quem relata é o próprio publicitário.
O operador do mensalão afirma que não aceitou entrar no jogo, mas sabe quem acertou as contas com Ronan: um amigo pessoal de Lula, utilizando-se de um banco não citado no esquema do mensalão.
Mais "bombas" – As declarações são apenas parte do arsenal de Valério. Como VEJA havia mostrado já em setembro, o publicitário, que diz temer por sua vida, cogita trazer à luz detalhes sobre o envolvimento de Lula no esquema do mensalão. Mais do que isso: diz ser capaz de desvendar o mistério sobre a origem do 1,7 milhão de reais apreendidos pela Polícia Federal no escândalo do dossiê dos aloprados, em 2006. E de dar detalhes comprometedores sobre a participação do ex-ministro Antonio Palocci na arrecadação de recursos para o caixa do PT.
Valério foi condenado a 40 anos de prisão. É provável que sua delação tardia não tenha grandes efeitos sobre a pena que terá de cumprir. Mas pode ajudar o país a resolver questões que ficaram sem resposta nos últimos anos.
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