Cinema
Coreia do Norte: a nova vilã também em Hollywood
Tema constante do noticiário das últimas semanas, as ameaças feitas pela Coreia do Norte aos EUA não devem se materializar no mundo real. Na ficção, porém, os americanos não pensam em outra coisa
O ator Rick Yune (que é americano, mas descendente de coreanos) em cena de Invasão à Casa Branca - Divulgação
Entre eles, está o filme G.I. Joe: Retaliação, que estreou na semana passada e mostra o presidente americano (Jonathan Pryce) apresentando uma arma nuclear capaz de “destruir cada país catorze vezes, ou quinze no caso da Coreia do Norte”, deixando claro que este é o atual arqui-inimigo do país. Tem roteiro semelhante o filme Amanhecer Violento, remake do longa de 1984, que estreou em 1º de março, no qual soldados norte-coreanos invadem o país – mesmo tema do game Homefront, lançado em 2012 pela empresa THQ.
Outro fator que pesa para os estúdios é que países que foram inimigos em filmes de ação do passado, como China e Rússia, hoje rendem fortunas em bilheteria. Em 2012, o cinema chinês teve receita de 2,7 bilhões de dólares, tornando-se o segundo mercado mais importante do mundo depois dos EUA, que registrou 10,7 bilhões de dólares. E não é só bilheteria. “Através do cinema, vende-se tudo”, lembra Paulo Sérgio Almeida, diretor do Filme B, sobre os produtos que surgem com os filmes.
“Há muito dinheiro da China nos EUA agora. E a Coreia do Norte, além de render boas manchetes nos jornais, não representa uma ameaça a Hollywood, já que os filmes americanos não são lançados oficialmente por lá”, diz o crítico alemão Johannes Schonherr, autor do livro North Korean Cinema: A History, lançado em 2012. Os produtores de Amanhecer Violento sabem bem disso. A princípio, o inimigo do filme original, a União Soviética, seria substituído pela China, mas os investidores não gostaram da ideia de perder o mercado asiático e o filme teve de ser redublado às pressas para fingir que os vilões eram norte-coreanos.
Não que na Coreia do Norte seja diferente. Segundo o crítico alemão Johannes Schonherr, longas em que os EUA são retratados como o inimigo são extremamente comuns no país. “Nos filmes de guerra norte-coreanos, os vilões estão sempre em carros ou aviões marcados com o símbolo do exército americano, embora sejam interpretados por coreanos ou, em alguns casos, russos”, afirma. “A Coreia do Norte se ofereceu de bandeja para Hollywood.”
(Com reportagem de Meire Kusumoto)
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