sexta-feira, 29 de março de 2013

Irã instala centrífugas mais modernas para enriquecer urânio

Oriente Médio       VEJA

Irã instala centrífugas mais modernas para enriquecer urânio

Os novos aparelhos, mais avançados, podem acelerar o processo em 3 vezes

Centrífugas da usina nuclear de Nantanz estão mais potentes
Centrífugas da usina nuclear de Nantanz estão mais potentes (Press TV/AFP)
O diretor da Organização de Energia Atômica do Irã, Fereydoun Abbasi, confirmou nesta quarta-feira que foram instaladas centrífugas de última geração para o enriquecimento de urânio na cidade de Natanz, na região central iraniana. Sem detalhar o número dos novos dispositivos, ele afirmou que a instalação começou há quase um mês. O anúncio ocorre no mesmo dia em que inspetores nucleares da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) participam em Teerã de uma nova rodada de negociações sobre o controverso programa nuclear do país, com o objetivo expandir a fiscalização de testes suspeitos de estar relacionados com o desenvolvimento de armas.


"Para atingir escala industrial (combustível nuclear) de produção, temos que instalar um grande número desses dispositivos”, afirmou Abbasi, de acordo com a rede pública de televisão iraniana PressTV. Ele disse que os novos aparelhos “destinam-se a enriquecer o urânio em até 5%, e não têm nenhum uso para o enriquecimento a 20%”. O número de centrífugas instaladas não está claro, mas calcula-se que ele pode chegar a 3.000. Em seu último relatório, em novembro de 2012, a Aiea afirmou que Natanz abrigava 8.856 centrífugas IR-1 em atividade de enriquecimento a 5%, e 328 para o enriquecimento a 20%.

Em janeiro, o Irã enviou uma carta à Aiea afirmando que pretendia instalar um número indeterminado de novas centrífugas em Natanz, sua principal planta de enriquecimento de urânio. A decisão trouxe preocupações para os Estados Unidos e seus aliados, especialmente Israel, para quem o objetivo iraniano é desenvolver armas nucleares - o que Teerã nega. A atualização no equipamento pode tornar até três vezes mais rápido o processo de enriquecimento de urânio, segundo um diplomata citado pelo jornal The New York Times, que não foi identificado devido à natureza secreta do documento enviado à agência da ONU.


Atualmente, o Irã usa centrífugas modelo IR1, desenvolvidas na década de 70. Agora o país estaria se preparando para instalar equipamentos modelo IR2m, mais avançados. O Irã já dizia há anos que estava inclinado a melhorar sua capacidade de enriquecimento com novas centrífugas desenvolvidas internamente a partir de tecnologia inicialmente adquirida do Paquistão. Analistas afirmavam que o Irã não tinha acesso a muitos materiais necessários para a construção de novas centrífugas, mas Teerã afirma estar fabricando o que não consegue importar - e continua a defender que seu programa nuclear tem fins pacíficos.

O programa nuclear iraniano é alvo de uma série de sanções internacionais nas áreas econômica, comercial e financeira, além de militar. Para grande parte da comunidade internacional, o programa é suspeito de ter fins não pacíficos. Já o Irã assegura que enriquece urânio até uma pureza de 5% para a produção de eletricidade, ou até 20% para alimentar um reator de pesquisa médica. Mas as grandes potências temem que o país pode enriquecer até 90%, o nível necessário para fazer uma arma nuclear.
Diálogo - Autoridades iranianas se reuniram em Teerã nesta quarta com Herman Nackaerts, vice-diretor da agência de energia atômica da ONU. Depois do encontro, o enviado do Irã para a Aiea disse que as duas partes concordaram em “alguns pontos”, e que uma nova reunião será realizada. A declaração de Ali Asghar Soltanieh indica que os dois lados falharam mais uma vez em finalizar um acordo que permita à agência reiniciar sua investigação sobre o programa nuclear iraniano.
“Além de afastar algumas diferenças e concordar sobre alguns pontos do texto, os dois lados decidiram examinar e trocar ideias sobre novas propostas que foram apresentadas nesta reunião, no próximo encontro”, disse Soltanieh, segundo a agência Fars.
Há meses a agência da ONU tem pressionado Teerã para conseguir acesso a uma área militar restrita em Parchin, cerca de 30 quilômetros ao sul da capital. Inspetores internacionais suspeitam que o local pode estar sendo usado para testar bombas. “As diferenças continuam, mas vamos trabalhar muito para tentar resolvê-las”, disse Nackaerts a jornalistas em Viena, antes de viajar a Teerã, de acordo com a agência estatal iraniana Irna.
A mesma agência divulgou uma declaração do presidente Mahmoud Ahmadinejad dizendo que o diálogo era “a única solução” para a questão nuclear, e que o Irã já era um país nuclear. “É impossível recuar desse caminho”.
Em outra linha de negociação, autoridades iranianas devem se reunir com representantes dos Estados Unidos, China, Rússia, Grã-Bretanha, França e Alemanha, no final deste mês, no Cazaquistão. O encontro faz parte de uma série de conversas entre os países sobre o programa de enriquecimento de urânio do Irã – negociações que até agora têm se mostrado inconclusivas.
As preocupações sobre o programa nuclear iraniano aumentaram depois de a Coreia do Norte ter anunciado a realização do terceiro teste nuclear de sua história, nesta terça-feira. Acredita-se que os dois países compartilham conhecimento nuclear.
(Com agência Reuters)

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