A Guerra Fria na América Latina
Na verdade, no chamado Terceiro Mundo era a América Latina o principal
foco de atenção das superpotências. Esse interesse, natural por causa da
proximidade geográfica dos Estados Unidos, aumentou bastante a partir
de 1959, quando Fidel Castro chegou ao poder em Cuba. A partir desse
momento, não demorou para que as superpotências se preocupassem com o
Brasil, o maior país da América Latina.
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O golpe militar no Brasil, em março de 64, atendia à estratégia
política dos Estados Unidos para a América Latina. A Casa Branca tinha
medo que de a revolução cubana, que resultou num regime socialista, se
espalhasse pelas Américas. Por causa disso, passou a patrocinar
ditaduras em toda a América Latina.
No Brasil, o quadro político e econômico favorecia os conspiradores.
O presidente João Goulart era apontado como simpatizante do socialismo e
a economia do país estava em crise, com índices elevados de inflação.
Nos anos que se seguiram ao golpe de 64, o regime militar tornou-se mais
forte e repressivo. O Ato Institucional número 5, de 1968, restringiu
as liberdades democráticas e deu ao regime poderes quase irrestritos
para governar, prender, torturar e eliminar adversários.
A ditadura militar, conseqüência direta da Guerra Fria, teve um
nítido impacto negativo na vida cultural. Durante duas décadas, o
governo censurou a imprensa, a literatura e as artes de um modo geral.
Experiências inovadoras, como o Tropicalismo, e o talento de artistas
como Chico Buarque, Geraldo Vandré e Augusto Boal, entre muitos outros,
foram sufocados pela censura imposta pelo regime.
Nos anos 80, ganharam força os movimentos pela democratização no
Brasil, com o movimento pelas Diretas-Já, e em outros países
sul-americanos, como o Paraguai, o Chile, o Uruguai e a Argentina. No
Brasil, o grande marco da volta à democracia foi o restabelecimento da
eleição direta para presidente da República, em 1989.
E também nos anos 80 começava a se configurar o quadro político
internacional que viria a culminar no fim da Guerra Fria, simbolizado
pela queda do Muro de Berlim, em 89. O fim do muro foi resultado do
intenso processo de reformas na União Soviética, iniciado em 85 pelo
dirigente Mikhail Gorbatchev.
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